Muitos homens são sempre meio oferecidos. Consideram-se autênticos Don Juans. Podem ser jovens ou mais velhos, ainda assim parecem se considerar como a última bolacha do pacote. Olham para uma mulher e já se acham. Eles não têm noção de que têm pouco ou quase nenhum controle sobre o que acontece ou deixa de acontecer. São elas que fazem as regras do jogo. São elas que comandam a brincadeira. Apesar de ter consciência disso, não sou muito diferente. Às vezes me perco. Confundo um sorriso de simpatia de uma mulher bonita como interesse que vai além do papel que ela desempenha ao sorrir.
Outro dia estava tomando um café com um amigo num shopping da cidade. A conversa estava animada. Olho para um lado e vejo uma mulher linda sorrindo para mim. Era uma antiga conhecida. Ela aproxima-se e me cumprimenta. Eu logo fiz o primeiro galanteio:
– Parece que o tempo não passou para você…Insinuando-me. Arreganhando-me todo.
Depois eu pensei, Que frase mais burra. Imagina a resposta que ela poderia ter dado, Lamento, mas não posso dizer o mesmo… E ela não teria mentido nenhum um pouco. O tempo realmente passou para mim e as marcas são visíveis. Porém, parece que não me enxergo. Ela, entretanto, foi muito simpática. Pediu permissão para se sentar. Alguns minutos depois o meu amigo foi embora. Ficamos nós dois. Eu me achando. Ela correspondendo. A conversa ficando mais picante. Ela revelando que estava sozinha. Eu com a consciência de ser casado, mas não resistindo a ser irresistível. Quanta ilusão. A conversa avançava. Agora toda aquela insinuação inicial começava a murchar. Começava a perceber que tudo o que eu propunha com a minha insinuação poderia se tornar real. Mas no fundo eu não queria. De repente não era mais eu que galanteava. Era ela. Comecei a ficar inquieto. Toda a minha coragem desaparecia. Ela literalmente passou a atacar. Eu a fugir. Ela ofereceu-me uma carona, mas antes queria esticar para lugares mais confortáveis. Ruborizei. Despistei. E fui embora com o rabinho entre as pernas.