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Marley in Camerata: o Som da Liberdade e do Respeito

O show Marley in Camerata encerrou com a música Sound of Freedom (Som da Liberdade). Eles haviam feito várias tentativas de concluir a apresentação que havia se estendido além do programado, mas o público não deixava. A plateia estava vibrante e relaxada, exatamente como se poderia esperar da combinação dos arranjos da Camerata com o som do Reggae. Sob muitos aplausos e assobios o show foi encerrado. Poucos saíram imediatamente. Ficaram por ali ainda curtindo o ambiente e as lembranças recentes da apresentação magistral da Banda de reggae Patuá e da Camerata Florianópolis sob a regência do maestro Della Rocca. Também eu fiquei mais um tempo agradecendo um desses momentos em que se percebe o privilégio que é estar vivo. Enquanto esperava que o movimento de saída diminuísse, eu observava um e outro. Todas as pessoas com a mesma expressão de felicidade tranquila que eu também exibia. Olho para a porta de saída do teatro e vejo a produtora da Camerata Florianópolis, Maria Elita, cumprimentando um a um os espectadores que saíam. Pensei comigo, Não é somente o som da liberdade, Marley in Camerata também é o som do respeito!

Sim, acredito que seja o som do respeito para com a música, para com os músicos e para com os espectadores. O surgimento do reggae como estilo musical teve que lutar por espaço e por respeito. Inicialmente as emissoras de rádio se recusavam a tocar esse novo estilo. Porém, com o tempo, o reggae conquistou seu espaço por meio do respeito que impunha pela suavidade do ritmo e pela força das letras. A Camerata Florianópolis também é um exemplo de respeito. O ritmo, a melodia e a harmonia dos arranjos e da execução das notas musicais exige respeito entre as pessoas e os instrumentos musicais, com o reconhecimento da importância do papel de cada um dos integrantes no resultado coletivo. Do mesmo modo, o respeito esteve presente na harmonização de dois estilos musicais que fez com que a soma das partes fosse maior do que ambos o são individualmente. O respeito é complementar, não é invasivo. E esse respeito eu também pude sentir pela excelência do show no aspecto musical, como já dito, e como espectador. Por isso, senti-me respeitado ao ser recebido pelos anfitriões na porta de entrada da sala do teatro e ao receber o agradecimento pela presença ao final do evento. Não precisariam me agradecer, porque quem saiu agradecido fui eu.

Por isso, encerrar o show com a música The Sound of Freedom me deu a exata noção de que agir com respeito é um ato de liberdade. A excelência da harmonização e da execução das músicas apresentados pelo show Marley in Camerata é um ato de respeito. Receber e agradecer individualmente cada um dos participantes do evento é um ato de respeito. Ambos são o exercício da liberdade. Desse modo, Marley in Camerata é o som da liberdade e do respeito pela música e pelas pessoas.

Também pode provocar uma reflexão para as organizações: como estou tratando os meus clientes?

Fonte da imagem: Fundação Catarinense de Cultura – FCC

Moacir Rauber

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