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Como amarrar os cadarços?

O curso começou com uma simples pergunta:

Expliquem-me, como vocês dão o nó nos cadarços dos sapatos?

O facilitador pediu para que nós lembrássemos, entendêssemos e imaginássemos a explicação da operação sendo dada sobre como fazemos os nós dos cadarços dos sapatos para alguém que não sabe fazê-lo. Realmente é interessante. É a síndrome da centopeia aplicada ao ser humano. Pensando sobre como daria uma explicação, senti-me como deveria ter se sentido a centopeia no dia em que ela foi confrontada com a pergunta: como você faz para caminhar e não se atrapalhar com tantas pernas? Assim que ela tentou imaginar como fazia o que fazia ela se enrolou nas próprias pernas e não conseguiu caminhar. Sentia-me enrolado na tentativa de explicar, porém eu sabia como dar os nós nos cadarços. Na vida nós temos muitos tipos de conhecimentos. Existe aquilo que simplesmente sabemos, como amarrar os cadarços ou dirigir um carro. Existe aquilo que sabemos que sabemos, como as atividades de nossa profissão. Existe aquilo que não sabemos que sabemos, como boa parte de nossas reações instintivas e que são base de muitas de nossas intuições. Existe aquilo que sabemos que não sabemos, como por exemplo o ofício de uma profissão diferente. E por fim, existe aquilo que sequer sabemos que não sabemos que, provavelmente seja o maior grupo. Porém, domingo é o dia dos pais e por isso vou falar sobre como se amarram os sapatos.

Acredito que boa parte daquilo que simplesmente sabemos vem da relação com os nossos pais. Foi na infância que aprendi que estudar era um dos caminhos para a realização. Fazia-se necessário ler, escrever, calcular e se dedicar para que se pudesse aprender. Foi assim que estudar se tornou um prazer e entendi que aquele que estuda é o primeiro beneficiário daquilo que aprende. Foi na adolescência que aprendi que o trabalho era outro caminho para a realização. Era importante assumir compromissos consigo mesmo, com os outros, sendo desde muito jovem autossuficiente e um contribuidor da sociedade. Entendi que trabalhar como ofício deveria ser prazeroso e que ao entregar o melhor de mim na minha profissão eu recebo o melhor dos outros. Demorei para distinguir essa verdade. Foi somente na idade adulta que pude reconhecer tudo isso no meu pai e que para isso o respeito era fundamental. Reconhecer no outro um verdadeiro outro faz com que o respeitemos como ele deve de ser respeitado, para que eu também possa ser respeitado como mereço ser. Dessa forma, o comportamento ético pautado em bons valores como a honestidade, a lealdade, a integridade, a amorosidade e o respeito são valores que aqueles que os detêm os aprenderam dentro de casa pelo exemplo recebido. E o exemplo continua sendo a melhor maneira de se ensinar algo para alguém que não sabe. Quem hoje é pai deve ter em mente que é o seu exemplo que pode determinar o que os seus filhos vão ser e fazer de suas vidas. Como disse Madre Teresa de Calcutá, A palavra convence, mas o exemplo arrasta. Não se preocupe porque seus filhos não te escutam, mas te observam todo o dia. Isso vem de berço!

O fruto nunca cai longe do pé, entre outros tantos ditados populares, expressa uma verdade incontestável. Por isso, não tem jeito. Carregamos conosco muito daquilo que aprendemos com os exemplos de nossos pais. E eu somente tenho a agradecer àquele que passou por esta terra sendo meu pai: muito obrigado por me ensinar a amarrar os meus cadarços!

Homenagem aos pais que ensinam o filhos

a amarrar os seus cadarços!

 

http://juizgabriel.blogspot.com.br/2011/10/estorinha-de-crianca-2.html