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Ter e Ser: Diferenças

Ter e Ser: Diferenças

Era sempre assim. Todo domingo nos reuníamos na casa de um ou de outro amigo para jogar futebol. A gurizada tinha entre sete e catorze anos. Facilmente, reunia-se um grupo de vinte a trinta moleques que eram divididos em times de cinco, seis ou sete atletas. Atletas? Todos jogavam de pés descalços, porque ninguém tinha dinheiro para comprar um tênis ou uma chuteira. No máximo alguém calçava uma conga ou um kichute. Exceção feita a um de nossos amigos. Ele era quem trazia a bola e aparecia completamente fardado com chuteira, meião, caneleira, calção de marca e camiseta do time preferido. Quem olhava de fora teria a certeza de que ele era o craque do grupo. Entretanto, quando a bola rolava, rapidamente se percebia que a única coisa que o nosso amigo equipado não sabia fazer era jogar futebol. Ele tinha todos os apetrechos e equipamentos para ser um jogador de futebol, mas ele não era.

Eis um grande desafio da atualidade: ser aquilo que se parece ser.

Autenticamente!

Creio que o exemplo se replica em diferentes esferas de nossas vidas. Têm muitas pessoas que buscam ter para parecer que são, por isso, muitas vezes, elas não são. Gosto muito de remar e, considero-me, um remador, entretanto, ter um barco não faz de mim um remador. Existem muitas pessoas que têm barco e não são remadoras. Têm pessoas que gostam de pescar e se consideram pescadoras, porém, ter as redes, os anzóis e uma lancha não faz delas pescadoras. Há muitas pessoas que têm os equipamentos e não são pescadoras. No mundo organizacional empresarial não é diferente. São muitas as pessoas que buscam parecer ser aquilo que gostariam de ser. São pessoas que têm empresas, mas não são empresários. Para ser um empresário não basta abrir as portas de uma empresa e frequentar os círculos típicos de empresários. É preciso conhecer do negócio e saber fazer com que ele seja economicamente viável, socialmente responsável e ambientalmente sustentável. De igual modo, são muitas as pessoas que se dizem consultores, mas não são consultores. Para ser um consultor não basta criar algumas frases de efeito, vestir uma roupa bacana e comprar um carrão para parecer ter sucesso. É muito mais importante ter conhecimento teórico e prático que possa ser utilizado por organizações que estejam buscando a melhoria de seus processos. Enfim, nas nossas profissões, não basta parecer competente é preciso ser autenticamente competente. Não basta ter um diploma universitário para ser um bom profissional. Há um preço a ser pago para poder ser aquilo que se parece. Por isso,

…é essencial se qualificar para que quando você vestir o jaleco branco você não somente pareça um dentista, um médico ou um professor, mas que você realmente saiba e sinta que é.

Entendo que há uma ditadura da imagem em que parecer ser é quase mais importante do que realmente ser. Não há a preocupação com a autenticidade de que a imagem seja um reflexo da essência de cada um. Contudo, como já dito, não basta ter chuteiras, um barco ou uma lancha para ser um jogador, um remador ou um pescador. Ser vai muito além de ter. É essencial sentir que aquilo que você diz ser você realmente é.

Ser é autenticidade.

Ter é a imagem.

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Moacir Rauber

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