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DE ONDE VIRÁ O CISNE NEGRO?

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De onde virá o próximo Cisne Negro?

Não havia lido um livro com argumentação tão boa e tão bem estruturada como O Cisne Negro, de Nicholas Nassim Taleb, que demonstrasse que nós não somos tudo aquilo que pensamos ser, nem para mais, nem para menos. Eu o li em 2008, mas o reencontrei entre meus livros na semana passada. A teoria do Cisne Negro é fascinante, porque ela trabalha sobre aquilo que nós desconhecemos, portanto, não se poderia trabalhar. Se nós não conhecemos algo como podemos trabalhar com essa hipótese? O que virá depois da pandemia? Os especialistas (como podem ser?) podem nos orientar?

Ao esclarecer que antes da descoberta da Austrália pelos europeus todos os cisnes eram brancos, deu-nos a certeza de que existem muitos outros cisnes negros a serem descobertos em diferentes áreas. Podem surgir ou não. Por isso, sempre (já é um problema dizer “sempre”) que acreditamos ter chegado ao final de algo; que concluímos uma etapa esgotando todos os recursos; que descortinamos a última fronteira das novas descobertas; e que exaurimos todas as possibilidades de encontrar uma solução, surge-nos a imagem do Cisne Negro. Uma justa metáfora para expressar a nossa incapacidade de prever, planejar, projetar, traçar, planificar ou qualquer outro sinônimo que nos remeta a um futuro que desconhecemos, composto por variáveis que não estão sob nosso controle e que dificilmente um dia estarão. O autor conduz o texto de forma brilhante, transformando assuntos duros numa forma palatável de leitura interessante e entretida. A teoria do Cisne Negro fundamenta-se por ser (1) altamente improvável, por isso dificilmente previsível; por ter (2) grande impacto, causado por sua imprevisibilidade; e (3) facilmente explicável, depois de ocorrido o fato. Com essa abordagem o livro descreve fatos históricos e nos remete a outros do dia a dia, fazendo as ligações com as bases da sua teoria. Tudo nos parece tão óbvio, depois de acontecido, por mais espetacular que tenha sido quando visto pela primeira vez. Acontece isso no mercado, na economia e no trabalho? Improvável, impactante e espetacular no início, simples, previsível e decadente. Desse modo, o autor consegue demonstrar a incapacidade da humanidade de prever grandes eventos. A pandemia que o diga.

Por isso, o livro nos leva a questionar a função do planejamento, que não deveria ser encarado de forma tão contundente, uma vez que ele dificilmente é exato. Leva-nos a contestar as opiniões dos supostos especialistas das mais diversas áreas, que normalmente usam o passado para nos passar a falsa a impressão de que sabem algo sobre o futuro. E se cada “especialista” em economia, mercado ou saúde fosse responsabilizado sobre as previsões que não se realizaram? Por fim, o autor destaca a importância de sermos críticos com relação ao nosso conhecimento, para que não sejamos presunçosos, e a ser maleáveis com a nossa ignorância, sem, contudo, que ela seja fonte de acomodação. Tem-se, assim, um livro que nos alerta para a possibilidade do surgimento de inúmeros Cisnes Negros em nossa existência. Não é necessário “caçar” um cisne negro, a sugestão é estar preparado para o altamente improvável, para o fortemente impactante e para o óbvio, depois de sucedido.

Ficam as perguntas: de onde virá o teu Cisne Negro? Ainda bem que não se sabe. Será que a pandemia foi ou é um Cisne Negro? Sobre ela, o que é que se sabe?

Moacir Rauber

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A falácia da confirmação!

Lembre-se da falácia da confirmação: os governos são excelentes a comunicar aquilo que fizeram, mas não aquilo que não fizeram (O Cisne Negro, Nassim Nicholas Taleb, p. 161).

Aplicando a falácia da confirmação na realidade organizacional, a moderna gestão não está levando as pessoas a se comportarem da mesma forma? O incentivo a sempre sermos positivos e que nos mostremos sempre competentes pode ter como resultado a habilidade em comunicar bem aquilo que se faz, sem se atentar para as alternativas presentes naquilo que não se faz.

Quem será o próximo peru?

Lá estava o peru confortavelmente instalado no seu espaço. Desde que nascera até o presente instante as suas lembranças eram maravilhosas. Nunca lhe havia faltado água ou comida, além de sempre receber um afago do seu benfeitor. Era uma vida maravilhosa. E lá vinha o seu benfeitor todo sorridente como sempre. O peru viu um objeto reluzente em sua mão direita sem desconfiar do que se tratava. Aquele que ele considerava o seu melhor amigo se aproximou e o peru todo feliz ficou onde sempre ficava. Esperava pela comida ou pelo carinho, mas desta feita nada disso aconteceu. O seu tão querido benfeitor o agarrou pelo pescoço e lhe cortou a cabeça. Era Natal e o peru não sabia que ele seria o prato principal.

Ao ler o livro Cisne Negro, de Nassim Nicholas Taleb, encontram-se muitas ilustrações sobre a capacidade de previsão do homem, entre elas a história do peru, que retrata de forma fácil e didática como são feitas as previsões. Basicamente a capacidade e a forma de previsão do ser humano pode ser comparada a do peru, que se norteia pelo passado para seguir imaginando que está numa posição tranquila e confortável com relação ao futuro. Desse modo, ele segue recebendo a comida todos os dias, crente que essa realidade vai se repetir pelo todo sempre, uma vez que não há nenhum indício no passado que o leve a pensar num futuro diferente. Da mesma forma os especialistas em diferentes áreas fazem suas previsões sem maiores conhecimentos sobre o entorno do que o peru.

Simplesmente o ser humano não consegue abarcar todas as variáveis que influenciam o futuro, assim como o peru não conseguia entender o homem que o alimentava. Quantas previsões de autoridades nas áreas sociais feitas nos últimos anos não se concretizaram? Quantas previsões feitas por grandes executivos sobre a tendência do mercado simplesmente tomaram um rumo completamente diferente? Quantas invenções previstas não aconteceram e a maioria nunca imaginada simplesmente surgiu? Por fim, as previsões dos economistas e dos especialistas em diferentes áreas são baseadas em fatos passados que não necessariamente se repetirão no futuro. Basta reler as páginas das orientações dadas nos últimos meses pelos especialistas em bolsa de valores ou sobre o dólar para se perceber que as suas capacidades de previsão não são melhores do que a do peru. Baseando-se no milho que recebiam com seus ganhos na bolsa ou com a variação cambial acreditavam que tudo seguiria sempre assim, sem nenhum atropelo.

Por isso, visite, relembre, rememore e aprenda com o seu passado. Porém, não queira recriar o passado. Lembre-se que nós mudamos, os outros mudam e os cenários também. Se a história é cíclica os personagens não são. De repente, chega o “Natal” e os perus são comidos. Não seja você o próximo peru…


Vale a pena ler o livro O Cisne Negro, O Impacto do Altamente Improvável de Nicholas Nassim Taleb!!!