No meio do caminho tinha uma pedra Tinha uma pedra no meio do caminho Tinha uma pedra No meio do caminho tinha uma pedra
Nunca me esquecerei desse acontecimento Na vida de minhas retinas tão fatigadas Nunca me esquecerei que no meio do caminho Tinha uma pedra Tinha uma pedra no meio do caminho No meio do caminho tinha uma pedra
Carlos Drummond de Andrade
Trabalhar na mesma empresa nem sempre significa ter alinhados os interesses individuais com os objetivos organizacionais. Nesse ponto, surgem os conflitos comuns quando a missão, os valores e a visão não se refletem no dia a dia da empresa. A função de um era vender, enquanto a do outro era analisar o crédito. Muitas vezes, a venda não se concretizava por uma restrição ao crédito e o conflito aparecia. A última reunião estava tensa e o vendedor disse:
– Pra que vender se ele não aprova o crédito?
Os olhos do vendedor expressavam a frustração. O analista de crédito sentia a acusação. O gerente tinha uma pedra em seu caminho, no seu caminho havia uma pedra. O que fazer diante de um conflito? É importante entender que o conflito se inicia quando uma das partes se sente prejudicada frente a ação da outra numa área que considera importante. As divergências de opinião sobre um fato, as discordâncias de postura na criação de normas ou os desacordos sobre o que é importante ou não num tema levam ao surgimento de conflitos que se não solucionados terminam em confronto. Instala-se uma guerra organizacional prejudicial para todos. Nesse momento, o conflito pode ser uma pedra no caminho. Porém, é possível transformar os conflitos em oportunidades. Como? Na visão tradicional todo conflito é disfuncional e deveria ser evitado. Na visão interacionista o conflito é necessário para que se melhore o desempenho. E na visão focada na resolução os conflitos são inevitáveis com a possibilidade de serem solucionados de maneira produtiva. Aqui, acredita-se que se pode transformar pedra em ouro. A reunião acima pode ser oportunidade de paz e de crescimento ou pode terminar em guerra e sabotagem. A proposta a partir da integração da Inteligência Positiva e da Comunicação Não-Violenta (CNV) para a resolução de conflitos é que se pratique a Pausa para resgatar os Cinco Poderes do Sábio por meio dos Quatro Passos da CNV. A Pausa é uma ferramenta de desempenho poderosa para tomar consciência da realidade, revelando-se como um processo ativo de escolher o movimento. A consciência do movimento faz com que um conflito, pedra, se transforme em oportunidade, ouro. A Pausa dá a possiblidade de Observar(Passo 1 da CNV) sem julgar e nos leva a apenas observar sem interpretar nem acrescentar opinião. Essa postura resgata o Sábio com os seus Poderes permitindo que a Empatia (Poder 1) registre os Sentimentos (Passo 2 da CNV) próprios e alheios; identifique as Necessidades (Passo 3 da CNV) das partes envolvidas; e que se Expresse (Passo 4 da CNV) de forma a ver as oportunidades num aparente conflito. A Pausa leva a que as partes Explorem (Poder 2) a situação: o que está acontecendo aqui? Inovem (Poder 3) nas alternativas: qual é a oportunidade existente? Naveguem (Poder 4) pelas possibilidades: o que é ou não importante aqui? E Ativem (Poder 5) os resultados: quais são as ações exigidas? Por fim, a Pausa faz com que os sabotadores individuais que reagem fugindo, paralisando ou lutando se recolham (Crítico, Insistente, Prestativo, Controlador, Hiper realizador, Esquivo, Hiper vigilante, Hiper Racional, Inquieto ou Vítima). A Pausa é essencial para que as pedras sejam vistas como ouro.
Onde está o ouro do conflito inicial? Acredito que o gerente pode usar a situação para recriar as rotinas de venda e de crédito, alinhando a conduta dos colaboradores com a missão, os valores e a visão da organização. Cabe a ele aproveitar o momento para readequar o sistema de recompensas para que os interesses individuais se alinhem aos interesses organizacionais. Isso é fazer das pedras ouro. E no ambiente do profissional de Secretariado, quantas vezes estamos em meio a situações divergentes? Você consegue transformar possíveis conflitos em oportunidades? Mestre Eckhart dizia que se ele soubesse transformar pedras em ouro, pediria mais pedras. Ao fazer a Pausa e seguir os passos da CNV para usar os poderes do sábio não tenha medo das pedras. Elas são ouro! Cada conflito é uma oportunidade que exige maturidade emocional e a espiritualidade ela se desenvolve com mais facilidade. Os alquimistas tentaram com a matéria transformar chumbo em ouro. Nós podemos fazê-lo com as emoções e com os conflitos. Transforme as suas pedras emocionais em ouro. Para isso, é preciso ter FÉ.
Pratique a Pausa
Pause antes de julgar.
Pause antes de presumir.
Pause antes de acusar.
Pause sempre que estiver pronto para reagir asperamente e você vai evitar dizer e fazer coisas das quais se arrependerá mais tarde.
As inscrições para a Oficina: Comunicação Afetiva para ser Efetiva vão se encerrar nos próximos dias.Últimas vagas!
Os encontros ao vivo vão acontecer já na próxima semana com Moacir Rauber e Pepita Soler como co-facilitadora.
Veja abaixo tudo o que você vai ter acesso:
4 Encontros Ao Vivo
Ferramentas práticas para desempenho e gestão de conflitos
Grupo de Whatsapp para Suporte
E-book: Perguntar Não Ofende, Uma abordagem de coaching para o profissional de Secretariado, Autor: Moacir Rauber
E-book: Demasiadamente Humano, por Moacir Rauber
A Jornada do Assistente Executivo Inovador: High Purpose, High People Skills, High Creativity: Pepita Soler, Presidente da Academia Global de Inovação em Secretariado
Painel Universo do Secretariado do Tempo Presente
Flow of Life: Mestre em Mindfulness, Dani Wang, Fundadora da Escola de Consciência Plena
Felicidade integral com Forças em Ação: Juliana Carneiro, especialista psicologia positiva
Conexões Autênticas, Um Pilar para os Relacionamentos Saudáveis: Cinthia Suplicy, Designer de Organizações Positivas
A conversa se repetia. O filho já havia ouvido o seu pai pela enésima vez contando a história de que eles eram mais do que irmãos. Eles compartilhavam tudo, desde as dores e os amores; os fracassos e as conquistas; as tristezas e as alegrias, assim como os medos e as convicções. Era uma amizade que se estendia ao longo dos anos. Quando o filho de um adoecia era o outro que cuidava daqueles que ficavam em casa. Quando se precisava de um recurso urgente era o amigo a quem cada um deles recorria, antes mesmo de qualquer outro familiar. Porém, ouve uma noite em que tiveram uma divergência. O pai dizia para o filho:
– Eu não o perdoo. Ele não poderia ter dito aquilo pra mim. Ele me acusou… e dizia outra vez o motivo.
Para quem escutava, o motivo parecia irrelevante. Entretanto, para ele era um ponto de divergência que o mantinha preso ao rompimento de uma amizade que dizia ser importante. Ele escolhia não perdoar. Considere-se aqui perdoar como o ato de desculpar, absolver ou remir de uma ofensa. É importante ter em mente que se sentir ofendido sequer é um sentimento. Como não é um sentimento se eu me sinto ofendido? Há uma diferença entre sentimentos e falsos sentimentos, porque os sentimentos vêm de dentro, enquanto os falsos sentimentos vêm de fora. Uma suposta ofensa vem de onde? Do outro. Assim, quando entendo que alguém me ofendeu posso ficar com raiva ou constrangido, que vem de dentro, ao acreditar que não fui respeitado ou valorizado. Dessa forma, o meu entendimento de ter sido ofendido é um julgamento sobre como o outro se comportou que não está de acordo com aquilo que eu acreditava ser o correto. Assim, eu faço um julgamento do outro ao me sentir ofendido. A raiva, por exemplo, é minha e é sobre ela que devo trabalhar. A raiva se origina da emoção natural em qualquer ser humano, sendo rápida e inevitável. Porém, deixá-la se transformar em sentimento a partir de entender que o outro me ofendeu é uma escolha. Daí vem o rancor e o ódio que são sentimentos relacionados a eventos externos que produzem malefícios internos. É o tradicional tomar veneno e desejar que o outro morra. A minha escolha não se refere a perdoar, ela antecede a isso. A minha opção se trata de não julgar, que está presente no primeiro passo da Comunicação Não-Violenta (Marshal Rosenberg): observar sem acrescentar nenhuma avaliação ou julgamento sobre aquilo que vemos, ouvimos ou tocamos. No momento em que não julgamos damos um enorme passo a que não necessitemos perdoar. Diminuímos os sabotadores e resgatamos o sábio com o primeiro dos seus poderes: a empatia (Inteligência Positiva de Shirzad Chamine). Aqui há um encontro entre a Comunicação Não-Violenta como ferramenta, a Inteligência Positiva como conhecimento e a Espiritualidade como opção de fazer com que as Ferramentas criadas pelo Conhecimento sejam usadas com Sabedoria. A Espiritualidade regata o Sábio de cada um que não perdoa, porque não julga.
Por fim, o pai relembrava a suposta ofensa, trazia boas lembranças do seu antigo amigo e escolhia seguir a sua vida sem reatar a amizade. Por quê? Porque ele escolhia julgar o amigo e, consequentemente, não o perdoar. “Observar sem avaliar é a forma mais elevada de inteligência humana” (J. Krishnamurti) e talvez um dos nossos maiores desafios como seres relacionais. Levar essa postura para o ambiente organizacional permite que todas as situações se convertam em oportunidades. Seremos menos rápidos e mais brandos ao julgar o outro e a nós mesmos. Seremos menos críticos das situações que fogem do nosso controle. Qualificaremos e sentenciaremos com menos facilidade, não permitindo que nos sintamos ofendidos pelos outros, pelas situações e por nós mesmos. Ao julgarmos menos precisaremos perdoar menos. Lembrando que Jesus não precisou perdoar ninguém, simplesmente porque Ele viveu sem julgar o outro, mesmo com sua natureza humana. Inclusive, na cruz Ele dizia, “”Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que estão fazendo” (Lucas, 23-34). Isso foi sublime. Isso é ser Sábio!