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E SE VOCÊ SOUBESSE O QUE FAZER?

E se você soubesse o que fazer?

A situação era nova e exigia uma resposta, entretanto ele não sabia o que fazer. Estava em dúvida e isso gerava ansiedade e medo. Caso dissesse “sim”, tudo mudaria. Caso dissesse “não”, nada mudaria no curto prazo. Quanto mais se aproximava a data para dar uma resposta, mais ansioso ficava e o medo se agigantava. Estava por colapsar:

– Eu não sei o que fazer?

Em seguida teve uma crise de choro…

Você já passou por uma situação de não saber a resposta? Quantas vezes você viu pessoas que não sabiam o que fazer? Provavelmente passou e presenciou situações de dúvida, porém o não saber o que fazer, por vezes, nos leva a não fazer nada, que igualmente é uma resposta. A não ação também é uma ação. Por isso, a importância do gradativo, constante e vitalício desenvolvimento das competências humanas e técnicas para aumentar o repertório de recursos internos de que se dispõe para poder tomar uma melhor decisão frente aos diferentes desafios da vida. Uma dose de ansiedade e de medo são normais.

Particularmente acredito que vivemos num mundo em que perdemos muitos dos nossos recursos emocionais, ainda que estudemos o comportamento humano explorando a inteligência emocional, a mentalidade de crescimento, a psicologia positiva ou outra abordagem, nem sempre mudamos o nosso comportamento. É importante saber, porém: o que fazer com aquilo que se sabe? Por isso, é essencial saber fazer, é fundamental poder fazer e é indispensável querer fazer para finalmente saber ser e estar. Eis as características de uma pessoa emocionalmente forte que transforma a ansiedade e o medo em motores para pôr o conhecimento em prática sem entrar numa crise existencial. É o amor em ação!

Creio que nos debilitamos emocionalmente com o período da abundância que vivemos. Já não aguentamos a perspectiva da dor e do sofrimento, que não é perspectiva, é uma realidade. A facilidade de termos tudo à mão o tempo todo nos debilitou. Qualquer coisa que você queira saber está disponível, porém isso não quer dizer que você saiba. O conhecimento não está em você, ele está nas novas tecnologias e com isso não se desenvolve a sabedoria que nos permite responder com assertividade frente a situações difíceis; não se estimula a coragem para avançar ainda que seja difícil; não se desperta a humanidade para se ocupar de si e dos outros; não se promove a justiça porque o egoísmo se sobressai; não se fortalece a temperança ao desmoronar frente a dúvida, a dor e o sofrimento; e não sabemos o sentido da existência ao não mais buscar pela transcendência. Assim, entramos em crise de choro.

Enfim, penso que observar, estudar e aprender para transformar conhecimento em prática é o desafio das atuais gerações, incluindo aquelas que foram perdendo a fortaleza emocional pelo excesso de recursos disponíveis. Inclusive, em tempos de Inteligência Artificial é mais importante do que nunca aprender, porque ela somente faz sentido se ampliar as nossas competências.

Desse modo é possível aumentar a capacidade de tomar uma decisão (Rápido e Devagar) baseada num repertório de recursos internos que nos ajudam frente as situações difíceis, duvidosas ou assustadoras. Isso porque frente a um dilema ético ou moral, no seu íntimo, você sabe o que está bem ou mal. Frente a uma escolha profissional há um indicador de qual caminho seguir. Diante de um desafio conjugal você sabe que pode ser o momento de calar e não falar. Assim, a decisão é sua com os recursos internos que você tem.

Dessa maneira, acredito que nunca antes na história da humanidade tivemos tanta necessidade de estudar e aprender para transformar o conhecimento em prática e poder ser observado sem temor.

Depois da crise de choro a pessoa disse “sim”, como se soubesse a resposta. Quem mais pode saber sobre você se não for você? Portanto, com coragem engoliu seu medo, resgatou a sabedoria com a humanidade de quem se preocupa com a justiça e a temperança de quem sabe que a vida é muito mais do que uma situação difícil. Ela é simples. Ela é um milagre. Ela é transcendental.

E você sabe o que precisa fazer!

Moacir Rauber

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O QUE ESTÁ NA TUA LUVA?

O que está na ponta da tua luva?

Ela é uma profissional da área de Recursos Humanos que dedicou os últimos catorze anos de sua vida a uma empresa que fecha as portas em seu país. Para continuar na organização teria que mudar para o país sede da empresa, sendo esse preço muito alto. Assim, ela se demitiu. Começou uma nova jornada e numa das atividades ela teve que entrevistar uma pessoa idosa. Dirigiu-se a uma casa de anciãos onde encontrou uma senhora de 86 anos com uma vitalidade impressionante, uma lucidez admirável e uma alegria maravilhosa. Ao comentar a entrevista, ela disse:

– Eu quero envelhecer assim! Não sei de onde vem tanta força?

Não há uma só resposta para a pergunta de onde vem tanta força, porém uma história contada pelo Pe. Nardi traz várias reflexões.

Ele contou que havia um homem que vivia numa região em que o calor era predominante. Um dia recebeu de presente um par de luvas de couro forradas, apropriada para regiões frias. O homem agradeceu e como não viu serventia guardou as luvas numa caixa de bugigangas. Tempos depois, ele foi transferido para uma região fria. Ao organizar a mudança encontrou as luvas esquecidas e fez o movimento de calçá-las, mas os dedos não chegavam ao final de seus espaços. Pressionou um pouco mais e doeu. Ele não desistiu e descobriu uma pedra na ponta de cada um dos dedos das luvas. Para tirá-las dali teve que fazer esforço e ter cuidado. No final valeu a pena, porque as pedras eram diamantes.

A fábula nos leva a perguntar: quais são os teus recursos internos? Qual o esforço que você faz para alcançá-los? Onde estão os teus diamantes?

No momento vivido, muito tem-se falado, divulgado e vendido cursos de autoconhecimento. É importante no caminho para a redescoberta de nossos recursos internos presentes nas forças e virtudes individuais. Contudo, exige esforço.

Da perspectiva científica, a psicologia positiva tem ajudado ao mapear as virtudes humanas compartilhadas ao longo do tempo em toda a humanidade, sendo elas: sabedoria, coragem, humanidade, justiça, temperança e transcendência. Cada virtude traz um grupo de forças, igualmente transversais aos seres humanos de diferentes culturas, etnias e regiões. Porém, cabe a cada um de nós descobrir as suas virtudes e forças para trazê-las a luz do dia. Tirá-las da ponta das luvas requer esforço.

Destaco, porém, que a perspectiva da psicologia positiva não é nova. Ao voltarmos no tempo, encontramos na filosofia e na espiritualidade conhecimento semelhante ao propagado pela psicologia. Na esfera religiosa há uma descrição semelhante aquilo que hoje é tratado como científico: as virtudes morais, as virtudes teologais e os dons do Espírito Santo. As virtudes morais ou humanas são muitas que podem ser agrupadas em torno da prudência, da justiça, da temperança e da fortaleza, trazendo em si os indicadores que regulam nossa conduta segundo a razão. As virtudes teologais são três, sendo elas a , a esperança e a caridade, levando-nos a respeitar o mistério da vida tratando o próximo como irmão, filhos de um mesmo Deus. Por fim, existem os dons do Espírito Santo: a sabedoria, a inteligência, o conselho, a fortaleza, a ciência, a piedade e o temor de Deus. Dessa perspectiva, entende-se que ao exibir as virtudes presentes nos dons do Espírito Santo, mais facilmente se desenvolvem as demais forças e virtudes humanas anteriores. Destaque-se que temor a Deus não se refere a medo, mas sim a respeito ao desconhecido. De todas as formas, para acessar os recursos internos há que se propor a tirá-los das pontas das luvas.

Voltando a vitalidade, lucidez e alegria da senhora de 86, certamente elas vêm da força de alguém que conseguiu acessar os seus recursos internos ao descobrir os diamantes nas pontas dos dedos das suas luvas recebidas como presente. Ela não deixou o presente recebido abandonado no fundo de uma gaveta. A entrevistadora citada está buscando o caminho para encontrar o presente em suas luvas, sendo a psicologia, a filosofia e a espiritualidade possibilidades de caminhos.

Quais os presentes que você ainda não abriu?

Qual será o seu caminho?

Moacir Rauber

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