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QUAL É A TUA EXPECTATIVA? E O TEU COMPROMISSO?

Qual é a tua expectativa? E o teu compromisso?

Ao iniciar uma nova turma na universidade ou uma oficina numa empresa ou na comunidade, quase sempre começo com o pedido, Faça uma apresentação pessoal em um minuto e diga a tua expectativa com relação ao evento numa palavra? É um pedido, não é uma exigência. Praticamente todos atendem e, além de suas histórias pessoais, surgem muitas palavras, entre elas dinâmica, aprendizagem, técnicas, amor, afeto, presença, acolhimento, conhecimento, sabedoria, entre outras. As palavras são interessantes, mas são apenas palavras. Na sequência, avanço para um segundo pedido:

– Qual é o teu compromisso com a tua expectativa?

Geralmente, as pessoas começam um processo de reflexão mais profundo. E isso tem razão de ser, porque enquanto a palavra expectativa nos leva para fora, a palavra compromisso nos traz para dentro.

Com origem latina na palavra “ex(s)pectativus”, “expectativa” se refere a alguém que espera algo a partir de uma realidade externa. Além disso, tem como sinônimos o aguardo, a expectação, a promessa entre outras palavras que nos colocam num papel passivo frente a uma situação. Qual é a nossa expectativa no ambiente familiar, social e profissional? Muitas vezes, nas relações de amizade e de amor eu espero que o outro me faça feliz. Nas relações sociais eu aguardo que a sociedade seja mais justa. No âmbito profissional tenho a expectativa de que me reconheçam com ações e remuneração. Inclusive, muitas pessoas esperam emagrecer no ano que começa depois do carnaval.

Ao avançar para a segunda pergunta, qual o compromisso de cada um com a própria expectativa?, as reações mudam e as pessoas exibem feições mais graves e introspectivas. Por quê? Porque ao serem confrontadas com o compromisso que cada pessoa assume sobre as escolhas que faz se trata de um caminho interno e que está no seu controle. O que é compromisso? Sua etimologia nos com a palavra latina compromissum que está ligada ao comprometer. Os sinônimos podem nos conduzir a um acordo, contrato ou combinação, inclusive com o outro. Entretanto, a pergunta é pessoal e esse acordo deve ser feito consigo mesmo, associando-se à ideia de comprometimento, engajamento e promessa. Portanto, a pergunta se volta para dentro de cada um em que a escolha é individual. Qual é o teu compromisso com a tua relação pessoal? Espero felicidade, mas eu faço o outro feliz? Qual é o teu engajamento com a realidade social? Aguardo uma sociedade justa, mas eu sou justo? Qual é a promessa que você se fez no ambiente profissional? A expectativa é por reconhecimento, o que faço para merecê-lo? Enfim, comprometer-se com as ações ao próprio alcance para realizar as expectativas é assumir o controle da vida. É necessário sair do sentido das palavras e colocá-las em ação.

Enfim, considero que a expectativa com relação ao outro está na raiz de muitas frustrações, gerando violência e sequestrando o sábio de cada um.  Na expectativa dou ao outro o poder de determinar o meu estado de ânimo, no compromisso assumo o controle. Portanto, ao perguntar sobre qual o compromisso que cada um assume com a oficina, o foco sai do outro e vai para si mesmo. Por isso, ao sair da expectativa para o compromisso as palavras deixam de ser somente palavras, elas exigem ação. Eu deixo de esperar a dinâmica do facilitador e passo a exibir atitudes dinâmicas; saio da passividade de que o outro me ensine e me abro para a aprendizagem; não aguardo que uma técnica mude o meu comportamento, mas mudo o meu comportamento incorporando uma técnica; não fico na expectativa de que o outro exiba amor, porque serei amoroso com o outro; entendo que posso afetar o outro com o afeto das minhas ações; comprometo-me com a minha presença e não relego ao outro o acolhimento, porque acolho-o. Enfim, abro-me para a sabedoria e o conhecimento do outro, comprometendo-me ao alinhar as minhas intenções com as minhas ações.

A espiritualidade é o caminho, porque “Deus está no mais profundo de cada um” (Eckhart Tolle).

Moacir Rauber

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Qual é o teu ponto de vista na VIDA?

Fonte: IA BING

Pontos de vista na VIDA!

A oficina transcorria normalmente sendo coordenada por dois facilitadores. A primeira parte foi conduzida por um deles. Após o intervalo os papéis seriam invertidos. Todos voltaram, exceto o facilitador responsável por conduzir a oficina. O ambiente virtual é dinâmico, por isso o facilitador que estava online retomou as ações, ainda que não era sua responsabilidade. Alguns minutos depois entra na sala virtual o facilitador encarregado e é recebido com a seguinte frase pelo seu colega:

– É sempre assim. Era tua a responsabilidade de conduzir a oficina e você se atrasa. Você me irrita com essa irresponsabilidade!

As pessoas na sala emudeceram. O clima ficou tenso. O facilitador interpelado, timidamente, respondeu:

– Desculpe-me, eu sempre faço tudo errado. Termino por estragar tudo.

O clima ficou tenso e o mal estar marcou presença na sala. O silêncio gritava.

Pergunta-se: de que formas se posicionar numa situação incômoda? Quais os pontos de vista que se podem explorar numa situação adversa? A Comunicação Não-Violenta identifica quatro formas de interagir e o acrônimo VIDA explica.

O “V” pode ser o ponto de vista de quem se coloca como “Vítima” diante de algo inesperado, agressivo ou incômodo. A pessoa se assume como quem frustra ou prejudica um projeto em andamento num processo de autocrítica e culpabilização. É uma forma vitimista de ver o mundo que gera desconexão consigo e com o outro, como na resposta acima.

O “I” se relaciona ao ponto de vista do “Intimidador” que reage com violência diante do inesperado, agressivo ou incômodo. É a postura de acusar para se escusar e culpar o outro. Na situação acima, a resposta poderia ser “Você não tem o direito de dizer isso! Estou carregando essa oficina nas costas e cuidando das tuas necessidades!”. Igualmente é uma resposta que rompe, desconecta e tende a aumentar o conflito.

A pessoa interpelada pode reagir com o “D” de “Doador” ao escutar e ver a partir da perspectiva do outro. “Entendo que você está irritado porque o compromisso com a pontualidade é importante para você…” seria uma resposta de quem exercita a empatia e surge a possibilidade da conexão. Reconhece-se os sentimentos e as necessidades do outro, porém, sem o cuidado consigo mesmo.

Por fim, o ponto de vista que fecha o ciclo da VIDA é o “A” do “Amor” que reconhece os sentimentos e identifica as necessidades do outro sem descuidar das próprias. “Pecado é a ausência de amor nas ações” (Padre Adroaldo Palaoro) é uma frase que enseja a sabedoria de alinhar as intenções com as ações. É o cuidado e o autocuidado que reflete a empatia e a auto empatia para conectar-se com o outro sem desconectar-se de si. Trata-se de registrar os próprios sentimentos e identificar as necessidades pessoais que estão envolvidas na situação de um potencial conflito. O que é importante para mim e para o outro? Onde podemos convergir para que os meus e os teus sentimentos sejam reconhecidos e respeitados? Como podemos atender as tuas e as minhas necessidades? Portanto, a capacidade de pausar e tomar a consciência da situação pode nos levar a uma resposta como uma escolha deliberada para afetar com afeto. Assim, a resposta poderia ser, “Entendo que você está irritado porque o compromisso com a pontualidade é importante para você, assim como é para mim. Atrasei-me porque minha filha passou mal e tive que atendê-la. Agradeço por haver reiniciado a oficina e comprometo-me em avisar num próximo episódio!” Com isso, conectam-se as necessidades de um e de outro e os sentimentos envolvidos, diminuindo a energia da reação e aumentando a força da conexão. A violência desvanece e o Amor aparece.

Por isso, a Comunicação Não-Violenta acontece com a consciência dos diferentes pontos de vista que podemos adotar na VIDA. A situação tensa relatada no início se desfez tão logo avançamos para a segunda possibilidade de diálogo em que os presentes entenderam que havia sido uma conversa programada. Com isso demonstramos na prática que as respostas dadas na VIDA a partir da perspectiva do AMOR AFETAM COM AFETO.

Moacir Rauber & Miriam Moreno

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Quem o impede de fazer desta a sua melhor vida?

É muito comum ouvir as reclamações das pessoas que não estão felizes com as suas vidas nas diferentes esferas. Basta entrar numa universidade para se escutar os alunos reclamando de que a universidade, o curso, os professores ou os colegas não são nada daquilo que esperavam que fossem. Também é comum percorrer os corredores de uma empresa e escutar as lamúrias de pessoas que se sentem infelizes naquilo que fazem. Culpam, por isso, a organização que não oferece as condições que elas mereceriam. Da mesma forma se ouvem as pessoas fazendo fofoca dos amigos, criticando as experiências relacionais que tiveram ou, por fim, queixando-se da vida. Acredito que é aqui que cabe a pergunta: quem é o responsável por tudo isso?

Concordo que quando entramos numa universidade, depois da batalha para conseguir a vaga, as nossas expectativas estão lá em cima. Queremos que tudo seja o melhor para que possamos sair dali os melhores profissionais do mundo. No primeiro dia, na primeira semana e no primeiro mês é tudo maravilhoso. Depois começa o choque de realidade. O professor já não parece ser tão brilhante quanto na primeira aula. Percebe-se que ele é humano. Os colegas não são tão maravilhosos como nos primeiros dias. Eles, às vezes, são chatos e meio bobos. E as instalações da universidade deixam muito a desejar, parecendo o colégio do Ensino Médio. Acredito que algo semelhante ocorra quando conseguimos aquele emprego que buscávamos. O primeiro dia, a primeira semana e o primeiro mês são incríveis, porque somos movidos pela curiosidade e pela vontade de contribuir. Ainda que esse período passa acompanhado daquele frio na barriga gerado pela insegurança de entrar num ambiente novo, queremos fazer tudo logo para mostrar que valeu a pena sermos contratados. Porém, a vida na organização já tem o seu ritmo e devagarzinho a gente acaba se formatando. Os sonhos vão minguando e nos conformamos. E com os amigos? Existem aqueles intocáveis que trazemos na nossa alma, mas a grande maioria está sujeita as críticas, as fofocas e a falta de lealdade. E nas relações amorosas? São nelas que acredito que o encanto e o desencanto mais atingem os extremos. A paixão avassaladora, as juras de amor eterno e o desejo de passar a velhice unidos como no dia do primeiro beijo se escoam entre os dedos numa rapidez impensável. E nesse ponto, pode-se voltar a pergunta inicial:

Quem é o responsável por tudo isso? Expectativa e realidade na faculdade? Vontade e desinteresse no trabalho? Amor e desafeto nas relações? A resposta é simples, não é? Lá no fundo todos nós sabemos que cada um é o responsável por cada escolha feita.

Por isso, essa é uma das perguntas que me faço nas conversas e nos textos: quem é o responsável por fazer desta a sua melhor vida? Sim, a vida é composta pelos estudos, pelo trabalho e pelas relações de amizade e de amor que podem nos trazer aquilo que nós escolhermos. Por isso, o único responsável por fazer dos meus estudos a melhor oportunidade de aprendizagem sou eu. Hoje já não se tem mais as desculpas para criticar os professores, os colegas ou as instituições, porque as informações estão disponíveis para todos aqueles que as quiserem. Basta procurar. Da mesma forma, cada um também é responsável por fazer da sua empresa o melhor lugar para se trabalhar. Caso contrário, cabe a cada um buscar um novo lugar. E com os amores e os amigos? Também cabe a cada um de nós lutar, preservar e estimular os nossos amores e as nossas amizades por meio da confiança e da lealdade. E se eles não merecerem? Isso é problema deles! Por fim, é problema nosso fazer desta a nossa melhor vida, porque, por enquanto, é a única que temos.

Moacir Rauber

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