Qual é o maior segredo do mundo? O impacto da QS Inteligência Espiritual no mundo real! Um conversa que desconversa para revelar. A presença e o presente. A pausa e o movimento.
Moacir Rauber e Rosan Prado, ambos PhD e estudantes na área do desenvolvimento humano, com formação nacional e internacional, relatam num bate-papo descontraído o que eles pensam da vida, do mundo e revelam um dos maiores segredos do mundo que os fez se conectarem novamente. Parceiros de trabalho e empreendedorismo há anos, num determinado momento de suas vidas, cada um escolheu um caminho. E agora voltam a se unir com uma missão e propósito de vida definidos!
Nesta “conversa” um pouco da QS, Inteligência Espiritual, e também de um dos maiores segredos do mundo será revelado. Sem dúvida alguma nada escondido, apenas um momento para conversar sobre o óbvio quem nem sempre é tão claro. Você está convidado a participar. Não há custo, apenas retire um tempo para pensar um pouco sobre quem é você, o que fez e o que fará com a vida que te deram.
A sua presença é o presente!
Um convite especial para conectar-se com pessoa mais importante do mundo: você mesmo!
Ainda bem que está passando o período em que se incentivava
a que todos dissessem tudo o que lhes vem à cabeça o tempo todo. Nas últimas
décadas, algumas gerações foram educadas acreditando piamente que elas eram as
mais lindas, as mais inteligentes e a mais talentosas pessoas que já pisaram na
face do planeta. Em núcleos familiares cada vez menores, os pais diziam, “Você
é um príncipe” ou “Você é uma rainha” incutindo na cabeça da criança
que ela era a pessoa mais especial do mundo e que podia tudo porque todos
estavam a sua disposição. Naquele pequeno reino familiar realmente era assim. Foi
um movimento de oposição a um período anterior em que gerações foram levadas a
crer que apenas eram mais um na multidão e, em muitos casos, eram mão de obra
barata que passava a integrar o grande núcleo familiar. Entendo que as duas situações devem ser
consideradas. Na primeira, muitas pessoas não desenvolveram filtros para se
expressarem de forma respeitosa, revelando as partes não tão boas de si. Na
segunda, um grande grupo de pessoas não consegue se expressar ocultando o que
tem de melhor em si. Por isso faço a pergunta: se não sou especial e não sou
apenas mais um, quem sou?
Acredito que nem uma nem outra situação seriam modelos a
serem seguidos, porque entendo que não somos especiais, assim como não somos apenas
mais um. Cada Ser Humano neste planeta é único, singular e múltiplo, não
necessariamente especial. Nunca apenas mais um. As gerações anteriores, que
foram educadas na base do medo, eram levadas a fazerem o que não queriam em
nome de uma pressão social que os oprimia. Não havia horizontes para os
submissos dos núcleos familiares e eles ficavam fracos emocionalmente. Não
lutavam porque não viam possibilidades. Nas gerações seguintes, para que os
filhos não passassem pela mesma situação, muitos pais passaram a criar sem terem
a coragem de educar os filhos. Desse modo, muitas crianças cresceram com os excessos
da ausência de limites. Os pequenos deuses que foram criados podiam tudo. Igualmente,
ficaram fracos emocionalmente. Não lutam, porque não suportam um “não” como
resposta. São essas gerações que se encontram nas famílias, nas organizações e
na sociedade. Qual o resultado disso? Particularmente acredito que são pessoas
únicas e singulares com a sua multiplicidade que vão interagir para daí surgir
algo melhor. Apoiando-se na inteligência emocional se poderia dizer que tanto
aqueles que se submetem ao não ver possibilidades, como aqueles que não toleram
a divergência, necessitam desenvolver o autocontrole. Da interação entre
submissos e mimados é que pode surgir pessoas com autocontrole, prudência e
humildade suficientes que resultem na fortaleza emocional da temperança. Com
isso, as pessoas vão identificar o momento de se expressar ou de não se
expressar na constante busca pela realização interdependente com o outro.
Enfim, ouvi muitas pessoas afirmarem com o peito inflado de
orgulho que falam tudo o que lhes vem à cabeça, doa a quem doer. Quando ouço
isso formo uma imagem não tão positiva. Revela que estou diante de alguém fraco
emocionalmente, porque não desenvolveu competências humanas fundamentais para
ser um melhor profissional. Frente a uma divergência, grita, ofende e agride. Por
outro lado, nunca falar nada para não divergir é igualmente prejudicial, porque
gera a sensação de uma falsa harmonia. Ambas as posturas prejudicam o ambiente
organizacional, social e familiar. Por isso, do equilíbrio entre os príncipes e
as princesas, únicos e não especiais, e dos submissos, que não são apenas mais
um, surgirá uma geração emocionalmente inteligente para ser assertiva sem ser
arrogante e humilde sem ser submissa. Finalmente, vamos conviver com pessoas
que nem sempre falam o que pensam, mas não deixam de falar o que é importante.
Uma moça da fazenda carregava um balde de leite na cabeça
e sonhava que com ele poderia fazer nata. Da nata faria manteiga. Com o
dinheiro da venda da manteiga compraria ovos dos quais nasceriam pintinhos. Depois
de crescidos os venderia e se compraria um vestido para usar na festa da
comunidade. Imaginava que o filho do moleiro iria querer dançar com ela ao
vê-la tão bonita. Mas ela não aceitaria imediatamente. Primeiro, diria que ‘não’
e com a cabeça e ensaiou o gesto. Ao menear a cabeça o balde de leite caiu. A moça
estava desolada, porque ficou sem nada: sem vestido, sem pintinhos, sem ovos,
sem manteiga, sem nata e, acima de tudo, sem o leite que a levou a sonhar.
O que nos ensina essa fábula de Esopo?
Durante muito tempo, mantivemos o foco na preparação de
pessoas para o futuro, embora eu acredite que o foco deveria ser na preparação para
o presente. A fábula ilustra isso e a
conjuntura econômica e social atual confirma, porque mais do que nunca não
estamos no presente. Ora estamos no passado. Ora estamos no futuro. Assim, muitas
pessoas se refugiam em alegrias vividas em supostos dias melhores, o passado, enquanto
outras criam problemas que não existem, no futuro. Assim, permanentemente meneiam
a cabeça e derrubam o leite. Percebe-se um contingente enorme de pessoas com a
constante sensação de inadequação e de incompetência, resultado da impressão de
nunca se estar onde se deveria estar e de nunca saber tanto quanto se deveria
saber. E é verdade. Vive-se um tempo de pessoas ausentes, porque dificilmente
elas estão no presente. O que fazer? Como mudar o foco? Pela educação, ao ensinar
e aprender para o presente.
Até o momento, em tempos de Revolução Industrial 1, 2, 3 e 4,
a preocupação era ensinar às pessoas um conjunto de habilidades técnicas que as
manteriam empregadas até a aposentadoria. O foco estava em preparar as pessoas
para serem melhores umas comparadas com as outras. Isso não serve mais. Entendo
que avançamos para uma sociedade em que as coisas devem fazer sentido. As
habilidades técnicas são importantes, porém elas se tornam obsoletas num piscar
de olhos, assim como o presente se torna passado e o futuro se converte no
presente. Estar no futuro ou no passado é o leite derramado no chão. Portanto,
o que aprender e o que ensinar? Falamos das competências socioemocionais, em que
o foco passa a ser o desenvolvimento pessoal para que cada um seja o melhor que
pode ser no presente. Ganham destaque os estudos de inteligência emocional e
seus pilares; a psicologia positiva com as suas fortalezas; a neurociência com
as suas constatações; a mentalidade flexível e suas alternativas, entre outras
abordagens e pesquisas científicas, usadas para resgatar a importância das
competências socioemocionais. São elas que nos permitem viver bem no único
tempo que temos: o presente. Assim, é importante ensinar as habilidades
técnicas, que são passageiras, entretanto, é indispensável ensinar as
competências socioemocionais, que são permanentes. Destaque para o despertar da
unidade individual que permite o entendimento sistêmico do coletivo que manterá
as pessoas aptas para viver no presente sem derrubar o leite.
Por isso pergunto: o que você faz faz sentido? O que você
ensina com aquilo que você faz? O que você aprende com aquilo que você vê? A
ideia de se manter estudando durante a vida é inteligente e sustentável, desde
que aquilo que se ensina com aquilo que se faz e aquilo que se aprende com
aquilo que se vê faça sentido no presente. E isso se fundamenta em valores
humanos, como liberdade, justiça, honestidade e solidariedade, além de
comportamentos que os expressem num movimento de cuidado para consigo e para
com o outro. Desse modo, é necessário a flexibilidade mental para atualizar as
habilidades técnicas constantemente, mas lembrando que são as competências
socioemocionais que o manterão no presente, com a sensação de adequação e de
competência.
Assim, preparar-se para o futuro não dá, porque devemos
estar aptos para viver no presente, a única realidade que temos.
Sabe aqueles dias em que você acorda e tem a certeza de que tudo vai dar certo? Pois é, hoje foi assim que acordei, apesar de ser um dia como qualquer outro. Levantei, tomei café e fui para minhas atividades. Abri os e-mails com as mensagens de trabalho e outras tantas sobre o Corona Vírus, seus alertas e piadas. Saí de casa por volta das 11h, uma vez que tinha um compromisso. Encontrei o senhor que trabalha no prédio ao lado com quem converso muitas vezes. Ele me disse:
– O senhor já se levantou? Vai dar um passeio?
Pela enésima vez me fez as mesmas perguntas revelando a
mesma ideia, “O doentinho cadeirante também precisa sair um pouco para
espairecer…”. Confirmei, entretanto me propus a não explicar mais uma vez
que eu levanto todos os dias antes das 7h, que boa parte do meu trabalho faço de
casa e que eu vou sair porque tenho um compromisso. Não valeria a pena, porque
no modelo mental daquele senhor, um usuário de cadeira de rodas não tem
condições de fazer nada. Deve pensar, “Imagina se ele trabalha…”.
Hoje eu estava saindo vacinado contra todo e qualquer tipo
de situação que pudesse me tirar do sério. Com meu péssimo senso de localização,
saí na direção contrária da rua para onde eu iria. Daria uma volta maior do que
a necessária. Por isso, fiquei ansioso, porque estava correndo o risco de
chegar atrasado. Impensável na minha concepção! Finalmente cheguei ao local.
Estava chovendo. Estacionei o carro e comecei a montar a minha cadeira de
rodas. Nisso chega correndo um senhor, oferecendo-se para me ajudar e já foi
metendo a mão na minha cadeira que ainda estava sem as rodas.
Disse-lhe:
– Olha, pode deixar que eu mesmo monto a cadeira, porque
as peças estão na ordem certa. É fácil para mim….
Ele me olhou, com a cadeira na mão, e retrucou,
– Não, não… Pode deixar que eu arrumo. A cadeira está
estragada? Onde estão as rodas?
Ele virava a cadeira de lá para cá sem saber o que fazer.
Fiquei irritado, mas pensei, “Calma, calma…Hoje não!” e
falei para o senhor;
– Não tá estragada, tá tudo certo. O senhor pode deixar a
cadeira aí onde ela estava que ainda falta colocar as rodas nela. É
rapidinho….
Ele ficou olhando para a parte da cadeira que tinha nas mãos
sem entender muita coisa. Disse-lhe que com a cadeira ele não poderia me
ajudar, mas com o guarda-chuva sim. Em seguida ele pôs a cadeira de volta em
seu lugar e eu pude terminar de montá-la. Por outro lado, ele me protegeu da chuva.
Por isso, hoje eu ganhei. Por quê? Porque eu escolhi fazer
do meu dia um dia para dar tudo certo. Não disse aquilo que tive vontade de
dizer ao ser confrontado com uma situação adversa. Muitas vezes, nessas
situações, a primeira palavra, expressão ou avaliação que nos vem à mente deveria
ser a última a ser dita. Naquele momento, ao não falar eu exerci o meu
autocontrole, um dos pilares da Inteligência Emocional, por isso eu ganhei. Não
quer dizer suprimir as emoções, mas saber o que fazer com elas para preservar e
estimular as relações interpessoais, outro dos pilares da Inteligência
Emocional. Por isso eu ganhei de novo. Tudo
que merece ser dito pode ser dito, mas depende de como é dito. Além do mais, ganhei
a ajuda com o guarda-chuva ao permitir que aquele senhor exercesse a sua
bondade.
Situações semelhantes ocorrem no ambiente organizacional, em
que de uma forma ou de outra todos podem ajudar, desde que sejam respeitados e
ouvidos. Senão, por que estariam na organização? Por fim, ganhei um amigo,
´porque aquele senhor e eu fomos ao mesmo lugar onde esperamos por um bom tempo
e conversamos amistosamente.