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NATAL NÃO É FESTA… E O ANO NOVO?

NATAL NÃO É FESTA… E O ANO NOVO?

O Natal passou e ficaram as marcas das festas no trabalho, com os amigos e a família. Para muitos, são sinais que podem ser medidos, como o aumento de peso, de colesterol e do nível de açúcar no sangue. São aqueles que acreditam que o período natalino é destinado para festas em que o objetivo principal é relaxar comendo em excesso, bebendo até cair ou competir para ver quem dá os melhores presentes. Basta observar as campanhas de publicidade com o foco no consumo de produtos que atendem necessidades que não existem, num movimento de estímulo a superficialidade que prevalece no período natalino. Assim, o período se transformou em festa que se estende até depois do Ano Novo. Mas por que o Natal não é festa?

O Natal como período festivo é uma celebração, ainda que, por vezes, tenha a festa como sinônimo. No Natal se celebra o nascimento de Jesus Cristo. Entenda-se que Natal vem do latim “natalis” derivada do verbo “nāscor” que significa nascer. Desse modo, seja você laico ou religioso, a partir do nascimento de Jesus somos convidados a mudar o modo de vida em que saímos do ditado “olho por olho e dente por dente” para um novo princípio: “amar ao próximo como a ti mesmo”. Mais do que isso, defende-se que devemos amar aos nossos inimigos, porque não há méritos em amar aqueles que nos amam. Entretanto, ao longo das últimas décadas o período natalino se transformou num festival de comidas, bebidas e presentes deixando de lado o sentido daquilo que originalmente representava. Houve um processo de descristianizar o Natal ao substituir celebração por festa; temperança por gula; altruísmo por inveja e competição; e decência por luxúria em que o amor, principal mandamento de quem está na origem da celebração, praticamente despareceu e quase não tem forças para nascer.

Portanto, Natal não é festa, mas uma celebração para desenvolver a capacidade de amar numa escolha diária de construção de um mundo melhor. Para isso, muitas vezes, é preciso nascer de novo ou deixar que algo novo nasça em você para que o seu ano seja novo.

O que fazer para que algo novo nasça em mim? Faça uma pausa. Ainda que você celebre com a família, brinde com os amigos e vá a uma festa, o convite do espírito natalino é que cada um reveja a sua trajetória para ser e fazer algo diferente e melhor no ano que se inicia. Desse modo, faça uma pausa, dispa-se de você ou daquilo que acredita ser. O convite é que você pare e, de modo consciente, por um momento, (1) tire da sua mente tudo aquilo que você aprendeu com os seus pais; que (2) deixe de lado o que estudou e assimilou na sua carreira acadêmica; que (3) esqueça, por um instante, tudo o que você absorveu dos amigos e das relações; por fim, por um breve espaço de tempo (4) abandone as práticas profissionais, as suas conquistas, as leituras, o conteúdo aprendido e as suas crenças para estar em contato com o Eu mais profundo. Dispa-se de todas as suas máscaras, capas e couraças e ali estará você. Não há como fazê-lo em dois, três, com amigos ou numa festa. Para percorrer esse caminho há que se fazer um momento de pausa introspectiva como um exercício consciente de autenticidade individual. Pode até doer, mas você vai ter um Ano Novo!

Enfim, se não nascer algo novo em você o Natal não existiu e o ano novo não será novo, será uma repetição. Por isso, depois de se despir de suas máscaras, capas e couraças, vista-se de amor, afeto, serenidade, tolerância, paciência, bondade, colaboração, fraternidade, respeito e alegria, deixando um novo ser nascer e que se conecte com os recursos internos que você tem. Assim, você terá vivido o Natal e o Ano Novo será Novo!

FELIZ ANO NOVO!

Moacir Rauber

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NÃO ALCANCEI AS METAS EM 2024: E AGORA?

Fonte: IA BING

Não alcancei as metas em 2024: e agora?

Uma vez mais o desafio das metas para o ano estava lançado e para alcançá-las o esforço deveria ser grande. Por isso, foram criadas diferentes abordagens num processo constante de analisar o mercado, entender o público consumidor e adotar estratégias que mostrem que a nossa empresa captou quais são as suas necessidades para atendê-las. Para esse fim, foram buscados informações, números e dados para ancorar as decisões tomadas. Com todo o esforço empenhado pela equipe, ao final do ano as metas não foram atingidas e erros foram identificados, fazendo com que a organização tivesse um revés financeiro preocupante. Quais foram as falhas cometidas? O que fazer com os erros? Como tratar aqueles que foram os responsáveis pelo processo?

Muito se tem falado no mundo corporativo sobre a importância de que os colaboradores tenham a liberdade de inovar e a coragem de tomar iniciativas, mesmo quando se revelem como um erro. O conselho parece bom, mas será que na prática é assim? E a abordagem é algo novo?

Comecemos sobre a prática ser nova ou não.

Nos dias de hoje, os eventos organizacionais estão repletos de palestrantes que estimulam o uso do erro como parte do processo de aprendizagem, dando a impressão de que descobriram o “ovo de colombo”. Muitas vezes citam Samuel Beckett que cunhou o jargão “falhe de novo. Falhe melhor” usando as falhas, os erros e os defeitos como estímulo para seguir na busca pelos objetivos. É essencial, porém onde está a novidade?

Ao ler um livro de Francisco de Sales de 1609, ele resgata três pontos essenciais para que se possa caminhar na estrada do desenvolvimento pessoal e espiritual, sendo eles: (1) não se surpreenda com as falhas; (2) não se perturbe com os defeitos; e (3) não desanime com os erros, porque as falhas, os defeitos e os erros irão acontecer novamente.

Indo ainda mais longe no tempo, resgato a frase “Errar é humano, permanecer no erro é diabólico” (Santo Agostinho, 354 e 430) que nos alertava para isso. Na primeira parte, a frase nos leva a aceitar que o erro faz parte de nossa jornada e na segunda parte ela nos convida para aprender com o erro sob pena de nos desviarmos do caminho.

Enfim, há tempos nas diferentes correntes religiosas e filosóficas se trabalha com a inevitabilidade da falha, do defeito e do erro como parte da natureza humana em sua fraqueza consciente. Assim, enquanto lia Francisco de Sales (1609) pude fazer paralelos com as teorias de reconhecer a nossa fragilidade com a coragem de ser imperfeito (Brenné Brown, 2012); ou distinguir os nossos inimigos íntimos e a sabedoria inata como sinal de inteligência positiva (Shirzad Chamine, 2013); ou ainda registrar os sentimentos como mensageiros de nosso estado de ânimo não sendo eles nem positivos nem negativos (Marshal Rosemberg, 2006). Sales nos diz que: (1) não nos surpreendamos com as falhas, porque elas irão acontecer novamente. Assim, tenha a coragem de reconhecer a sua imperfeição porque a falha é expectável, prevista e aguardada, dado que cedo ou tarde ela acontecerá. O convite se estende a que (2) não nos perturbemos com os nossos defeitos, para que não fiquemos atordoados, desequilibrados e desorientados pelos sabotadores que nasceram conosco.  Ao contrário, frente a um defeito identificado é essencial serenar, equilibrar e estruturar uma nova maneira de agir. Por fim, somos chamados a que (3) não desanimemos com os nossos erros, porque o desânimo nos levaria a desistir, a desesperar e a nos deprimir. Por outro lado, use a informação do desânimo que diz que há uma necessidade a ser cuidada para alimentar, fomentar e a perseverar na busca por novas estratégias.

Enfim, voltando as questões iniciais sobre as estratégias que não deram os resultados, a partir de teorias antigas ou atuais: quais foram as falhas cometidas? O que fazer com os erros? Identifique falhas, defeitos e erros sem se surpreender, sem se perturbar e sem desanimar para criar uma nova estratégia e seguir no caminho da busca das metas e objetivos individuais e organizacionais.

E como tratar aqueles que foram os responsáveis pelo processo?

Você decide para que em 2025:

Não se surpreenda com as falhas… use-as para aprender e inovar!

Não se perturbe com os defeitos… encontre o equilíbrio e veja as alternativas!

Não desanime com os erros… entenda-os, renove a esperança e siga a sua busca!

FELIZ NATAL!

Inspirado em Francisco de Sales

Moacir Rauber

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SOU ADOLESCENTE…

Fonte: IA BING

Sou adolescente…

Eram 21h e estávamos em casa fazendo um trabalho manual na mesa da sala. De repente ouvimos um estrondo violento, parecia que um carro tivesse entrado pelo portão da casa. O susto foi grande. Em seguida saímos e vimos o portão abalroado. Minha esposa olhou cuidadosamente para a rua e viu um grupo de jovens caminhando para o lado do hotel que há na rua. De carro saímos atrás dos rapazes e indagamos se haviam sido eles que haviam golpeado o portão. Disseram que não e de maneira irônica disseram que os culpados correram para o outro lado. Sabíamos que não era verdade. Perguntamos se estavam hospedados no hotel logo à frente e negaram. Outra vez sabíamos que mentiam, porque acontecia na cidade um campeonato de futebol das categorias de base e algumas equipes estavam hospedadas naquele hotel. Por isso, entramos no estacionamento do hotel e minha esposa foi até a recepção, pedindo para falar com os técnicos das equipes. Nesse meio tempo, os meninos passaram direto em frente ao hotel, dando a impressão de que não estavam hospedados ali, porque eles viram que nós havíamos entrado no hotel. Conversamos com os técnicos sobre o ocorrido e um deles disse que os seus atletas estavam todos nos quartos. Disse que os jovens, provavelmente, estavam mais adiante esperando até que saíssemos para entrar no hotel sem serem responsabilizados pelo vandalismo. Os técnicos saíram e encontraram o grupo de garotos parados na calçada uns cinquenta metros mais à frente. Retornaram e logo o responsável foi identificado. O técnico o chamou na minha presença e o jovem pediu desculpas. Um pedido que gerou a sensação de que o fazia simplesmente para não ser castigado e arrematou dizendo:

– O senhor tem que entender que sou um adolescente. Agi no impulso da emoção…

Fiquei indignado. Que cara de pau… pensei. Como é que usa a condição de ser adolescente para fugir da responsabilidade? O que estamos ensinando para os jovens sobre reconhecer uma falta? Como damos aos adolescentes a prerrogativa de votar se não os responsabilizamos por suas condutas?  As perguntas seguiram ecoando na minha mente muito tempo depois de haver encerrado a conversa com o garoto e o técnico.

Acredito que é uma estratégia usada e difundida, ainda que inconscientemente, de que o mais importante é não ser flagrado pelo delito e, quando flagrado, culpar algo ou alguém. Desvirtuou-se o ditado “errar é humano, repetir o erro é tolice” transformando-o em “errar é humano, encontrar um culpado é fundamental”.

Parece brincadeira, mas vivemos um desvio ético e moral que está na base de grande parte das relações estabelecidas entre as pessoas, seja no âmbito pessoal ou organizacional. O discurso e a prática dos adultos de não delegar tarefas e responsabilidades para as crianças e adolescentes tem criado uma geração de pessoas que se tornam incapazes de serem os provedores das próprias vidas, impedindo-os de se transformarem como adultos. Ao não permitir que crianças e adolescentes assumam responsabilidades criamos jovens e adultos que irão necessitar de tutores para toda a vida, sejam eles os pais ou o estado. Por essa prática é que o adolescente fugiu da sua responsabilidade, transferindo-a para o fato de ser adolescente, uma condição temporária, que da maneira como vivemos, tende a ser permanente.

Frente ao pedido de desculpas do jovem respondi que a condição de ser adolescente não lhe dá salvo-conduto para ser violento, agredir ou ser mal educado. Reforcei que ele aproveitasse a fase para aprender com os acertos e os erros, tendo claro o que é certo ou errado para assumir as responsabilidades pelos próprios atos e apropriar-se da própria vida.

Por fim, ao justificar sua falta pela condição de adolescente ele me tomou por estúpido, porém não é necessário ser um gênio para saber a diferença entre tocar a campainha e dar um coice no portão. A menos que sigamos tratando as crianças e os adolescentes como imbecis e incapazes, estupidificando-nos como sociedade.

Moacir Rauber

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O PODER DA COMUNICAÇÃO AFETIVA

🗓 Agende-se para nossa próxima live!

🎙O Poder da Comunicação Afetiva
👨‍🏫Moacir Rauber
📅 11/12/2024
⏰ 12h 30
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Conheça metodologias de aplicação da comunicação afetiva e ferramentas práticas de desempenho e gestão de conflitos.

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CONHECIMENTO E FERRAMENTAS: ONDE ESTÁ A SABEDORIA?

Fonte: IA BING

Conhecimento e ferramentas: onde está a sabedoria?

“Toda a teoria deve ser feita para poder ser posta em prática, e toda a prática deve obedecer a uma teoria” .

(Fernando Pessoa)

O grupo se encontrava uma vez por semana para debater alguns temas relativos ao conhecimento, como as constatações e as descobertas da neurociência sobre a área comportamental. Igualmente, eram exploradas novas ferramentas de aplicação do conhecimento usadas nos cursos e formações que os integrantes do grupo, como intelectuais e professores, ministravam. Não eram jovens, porque tinham entre cinquenta e oitenta anos. Um dos integrantes trouxe o tema da saúde e bem estar e comentou:

– As atividades físicas são indispensáveis para que possamos ser mais produtivos… (apresentou conceitos e dados científicos para comprovar).

Em seguida, trouxe outras informações apoiadas em diversas pesquisas científicas que apontavam o jejum programado como uma estratégia que produzia benefícios para a saúde cardíaca e que aumentava a longevidade.

Uma conversa interessante, mas do que tratamos nesses parágrafos iniciais? Falamos do conhecimento trazido pela ciência que mostra que podemos ser mais produtivos e longevos com atividades físicas e jejum. Da mesma forma, mostramos duas ferramentas com comprovação científica que podem contribuir na busca por produtividade e longevidade: as atividades físicas e o jejum. Fica a pergunta: onde está sabedoria?

Comecemos respondendo: o que é sabedoria? A palavra tem origem no latim sapere e para o nosso texto será entendida como a capacidade de atuar com retidão, juízo, discernimento e bom senso frente a situações cotidianas ou extraordinárias, levando-nos a ser sábios. Acrescente-se conhecimento, raiz latina de cognescere, a capacidade de apreender as coisas usando o raciocínio ou a experimentação e que por meio de sua aplicabilidade transforma a realidade. Por fim, as ferramentas são “aquelas que servem de meio para determinado fim” (Dicionário Priberam da Língua Portuguesa), contribuindo para ampliar as capacidades das pessoas ao realizar uma atividade pontual ou alterar o entorno. As ferramentas derivam do conhecimento e ambos podem ser ensinados. Porém, podemos conhecer e ter ferramentas e ainda assim não sermos sábios, porque o uso do conhecimento e das ferramentas, seja para o bem ou para o mal, é uma escolha individual. Desse modo, a sabedoria necessita ser aprendida e praticada, uma vez que ela vem de dentro de cada um, exigindo comportamentos baseados no bom senso, no juízo, no discernimento e na retidão.

Por que faço essa digressão? Porque o grupo que comentei no início é formado por intelectuais de diferentes áreas, com muito conhecimento e o domínio de diferentes ferramentas. Entretanto, não são necessariamente sábios, uma vez que a sabedoria exige a prática do conhecimento por meio do uso das ferramentas com a intenção reta, com a capacidade do discernimento entre o bem e o mal a partir do bom senso daqueles que tem juízo. Ao observar o grupo, sabe-se que não é bem assim, porque nem sempre as ferramentas são usadas com sabedoria, quer seja para realizar uma atividade pontual pessoal ou mesmo melhorar o entorno. Ao resgatar a teorização inicial sobre a importância da atividade física e do jejum e observar os integrantes do grupo, pode-se constatar que ele é formado por intelectuais, mas também por sedentários e glutões.

Dessa forma, de que me serve ter o conhecimento sobre a importância das atividades físicas se não pratico? Qual a utilidade de conhecer e discorrer sobre os benefícios do jejum se nunca faço? Portanto, acredito que a sabedoria reside na capacidade de apropriar-se do conhecimento e de usar as ferramentas ao colocá-las em prática para benefício próprio e do entorno. Caso contrário, para que conhecer? Senão ficamos com intelectuais que não dominam a prática, comparados a corredores que não correm, a remadores que não remam, a jogadores que não jogam, a engenheiros que não engenham ou a religiosos que não rezam.

Enfim, a sabedoria pode ser encontrada com quem tem muito conhecimento, assim como no bom senso e no senso comum, porque o conhecimento e o domínio de suas ferramentas não garantem o surgimento de um sábio.

Moacir Rauber

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ESTA PESADO? A ESCOLHA É SUA…

Fonte: IA BING

Está pesado? A escolha é sua…

Outro dia, escutei um voluntário que participa da “pastoral social” de uma comunidade em que ajudam pessoas e famílias em estado de vulnerabilidade social. O trabalho consiste em cadastrar, acompanhar e orientar as pessoas para sair do estado de dependência para a independência por meio da qualificação e da recolocação profissional daqueles que podem. Porém, também é feito um trabalho assistencial com a doação mensal de cestas básicas considerando as necessidades de cada família ou grupo de pessoas atendidas. Desse modo, no primeiro final de semana de cada mês as pessoas são acolhidas e recebem os alimentos. O voluntário contou que, numa das vezes, o pai que buscaria a cesta básica não pode ir. O pai, além de desempregado, estava doente e mandou o seu filho de dez anos. O menino, ao receber a cesta básica foi ajudado pelo voluntário que perguntou:

– Tá pesado? Com ar de tristeza.

O menino voltou o seu rosto para ele e respondeu:

– Ainda bem que tá pesado. Quer dizer que tem muita comida!!! Com um sorriso de alegria.

Fiquei impressionado com a resposta e a analogia possível a partir dela. Por isso, pergunto: a sua jornada parece pesada? Os desafios são assustadores? Acredito que a alegria ou a tristeza pelo peso que cada um carrega depende daquilo que se escolhe carregar. Portanto, faça uma pausa e se pergunte: o que escolho carregar?

Ao escolher uma carga podemos agir frente a ela com alegria ou com tristeza, isso depende de cada um.

Entenda-se alegria como um sentimento de satisfação e de contentamento, comumente expressa por meio de sorrisos. Por outro lado, a tristeza pode ser entendida como um sentimento típico de quem não tem alegria ou ânimo, revelando-se na insatisfação. Ambos os sentimentos são essenciais ao ser humano, entretanto cada um pode escolher com qual deles mais tempo vai viver.

Entendo que a alegria pelo peso que se carrega está relacionada com a coragem de que se pode desenvolver as capacidades necessárias para os desafios que nos são propostos, enquanto a tristeza surge do medo de não ter forças para superá-los. A alegria frente a jornada surge pela disposição de poder fazer algo que está ao meu alcance, enquanto a tristeza tem sua fonte na preguiça em realizar o esforço exigido. A alegria diante de situações injustas me leva à ação, enquanto a indignação traz a tristeza que paralisa. A alegria perante atitudes das quais divirjo se fundamenta na confiança no outro como um verdadeiro outro que me conecta, enquanto a tristeza fomenta o ciúme e a desconfiança que desconectam. A alegria ante a realização e as conquistas de amigos e colegas se traduz em vínculos verdadeiros, enquanto a tristeza revela a inveja. Por fim, a alegria, ainda que se esteja enfrentando situações difíceis, brinda-me com a paciência, enquanto a tristeza ao não ter tudo sob o meu controle produz a impaciência.

Não se trata de não reconhecer a tristeza como um sentimento verdadeiro e necessário, mas de saber a sua origem para escolher enfrentar a realidade com a consciência das escolhas que posso fazer. Nenhuma tristeza é permanente, a menos que eu escolha que seja. Toda alegria é uma escolha, ainda que pareça que não tenha motivos.

Por fim, o menino de dez anos teria razões para estar triste com a condição de vulnerabilidade social vivida pela família e a doença do pai. Assim, muitos de nós escolhemos estar tristes pelo peso da jornada e alimentamos o medo; deixamo-nos levar pela preguiça; nutrimos a indignação; promovemos o ciúme; estimulamos a inveja; e exibimos a impaciência com aquilo que não temos. Com isso, esquecemos de desfrutar a jornada de escolher aquilo que vamos carregar. Voltando ao menino de dez anos, ele escolheu o sorriso da alegria que expressa a gratidão pelo que se tem, caminho para uma vida plena.

Escolha a sua carga e o sentimento será o indicativo de que a jornada está valendo a pena.

Moacir Rauber

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Você acredita na oração?

Você acredita na oração?

Na última semana escutei uma entrevista em que o entrevistado defendia a prática diária da oração como uma maneira inteligente e intimista de orientar os passos facilitando as escolhas na vida. O entrevistador perguntou:

– Se a oração é tão importante, por que tem tanta gente que não acredita?

O entrevistado respondeu:

– Somente não acredita na oração quem não pratica.

A resposta fez todo o sentido para mim. Passei a pensar em outras situações, como o trabalho, o estudo, a honestidade, a bondade ou a confiança em que não acredita aquele que não pratica.

Antes de fazer outros paralelos, creio ser importante entender o que significa “oração”, vocábulo de origem latina “orare” e “oratio” derivadas de “os”, “oris”, sendo entendida como as palavras que endereçamos a Deus. Muitos podem não acreditar em Deus, dando-Lhe nomes como energia cósmica ou outra denominação qualquer, porém vale dizer que ninguém, até hoje, sabe explicar a nossa existência. Enfim, para fazer uma oração é preciso acreditar em Deus, ou pelo menos ter a humildade de se ajoelhar frente ao Desconhecido, sendo a oração uma estratégia para criar e estabelecer uma relação direta e pessoal com o mistério da vida.

Existem diferentes tipos de oração, podendo ser ela vocal, meditativa e mental. A (1) oração vocal pode ser praticada pela repetição de orações estruturadas ou pela invocação de orações espontâneas, muito presentes em eventos públicos e reuniões de pessoas. A (2) oração meditativa é uma procura íntima pelo entendimento dos mistérios e desígnios da existência a partir de leituras e reflexões, confrontando-as com a própria vida. E, finalmente, temos a (3) oração mental que se trata de uma conversa amistosa com esse Deus por quem nos reconhecemos amados pelo privilégio da vida que temos (Santa Teresa de Avila). Desse modo, pode-se depreender que ao acreditar em Deus me habilito a orar e ao desenvolver a habilidade de orar a oração passa a funcionar para aquele que a pratica.

Um raciocínio semelhante podemos levar a outras áreas: ao trabalho, porque somente acredita no trabalho quem trabalha; aos estudos, porque unicamente reconhece a importância do estudo aquele que estuda; à honestidade, porque valoriza a honestidade aquele que é honesto; à bondade, porque ela é uma prática; e à confiança, porque quem confia, provavelmente, é de confiança. Do outro lado, aquele que não trabalha, não estuda, não é honesto, não é bondoso e não confia desenvolve comportamentos de inveja, avareza e maldade, não entendendo outros comportamentos. A passagem bíblica “…pois a boca fala do que está cheio o coração” (Mateus 12:34) traz uma verdade que se aplica aquilo que falamos, refletindo-se naquilo que fazemos.

Qual a importância da oração? Acredito que a oração é a porta de entrada das boas intenções que se refletem naquilo que se fala e naquilo que se faz. Por isso, aquele que ora, acredita no trabalho e trabalha; dedica-se aos estudos e estuda; valoriza a honestidade e é honesto; pratica a bondade e é bondoso; e desenvolve a confiança e confia em si mesmo e nos outros. Por fim, a oração como pratica diária, rotineira e constante nos leva à riqueza. Como assim? Sim, ressalte-se a riqueza de se reconhecer um privilegiado pela vida recebida que nos permite desfrutar dos pequenos grandes milagres de todos os dias. Num só dia podemos presenciar o nascer e o pôr do sol, o fenômeno da chuva, as carícias do vento e as belezas dos campos e das florestas. Podemos apreciar os cheiros das flores, os gostos das frutas e escutar belas canções. A riqueza se reflete no aconchego do abraço de um pai e de uma mãe; de um irmão e de um filho; de um sobrinho ou de um neto; de um amigo ou de um desconhecido.

Finalmente, a riqueza se espelha na esposa ou no esposo que escolhemos para cumprir com a nossa jornada pela vida, com a Benção de Deus. Para isso, é essencial acreditar no compromisso que se revela no amor construído no dia a dia, com trabalho, aprendizado, honestidade, bondade, confiança e muita oração.

Enfim, como disse o Pe. Patrick Peyton: “família que reza unida permanece unida” e essa riqueza é resultado da oração.

Moacir Rauber

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QUAL A TUA RESPONSABILIDADE COM AQUILO QUE VOCÊ NÃO PAGA?

Fonte: BING IA

Gratuidade e Responsabilidade

Ao atingir a meta estabelecida para o ano de trabalho remunerado, busco oferecer uma ou duas oficinas gratuitas. Para manter a qualidade, as vagas são limitadas e respeitam a ordem de inscrição. Assim fiz no último mês. As vagas foram abertas e em pouco tempo foram preenchidas. Recebi pedidos de informações sobre novas oportunidades, respondendo que somente seriam ofertadas no próximo ano. Frustração para aqueles que não conseguiram mais vaga. Para mim, a alegria de poder compartilhar conteúdos e experiências para transformar e ser transformado pelo mundo ao qual pertencemos.  Comecei a preparação do conteúdo dedicando horas de pesquisa e elaboração de novas atividades com uma sequência de reuniões de trabalho com a minha colega facilitadora da oficina. Duas pessoas comprometidas em entregar o melhor. A minha expectativa aumentava com a proximidade da data de início da oficina. Enviamos mensagens com material preparatório. Finalmente chegou o dia e abrimos a sala virtual trinta minutos antes do horário marcado para receber os participantes. A expectativa nos gerava a alegria. O horário de início chegou e nenhuma das pessoas que se haviam inscrito compareu. Em mim, sentimento de frustração. Cinco minutos depois do horário marcado entrou a primeira pessoa e começamos a oficina com trinta minutos de atraso contando com a presença de apenas vinte por cento dos inscritos. Pergunto: quanto vale um evento gratuito? Qual é a responsabilidade daquele que se dispõe a receber?

Para a pergunta “quanto vale um evento gratuito?” se deve considerar que não há nada que seja gratuito. Ainda que não se pague por algo que se está usufruindo, alguém está pagando. Esse pagar pode ser em dinheiro, recursos, tempo ou outra forma de comprometimento com aquilo que é oferecido de graça. A oficina não teria cobrança financeira aos participantes, contudo, houve o custo de tempo para a preparação e os recursos tecnológicos usados pelos facilitadores. Além disso, ao oferecer a oficina quem a ministra deixa de usufruir de outras possibilidades para estar onde se comprometeu estar. Portanto, posso não pagar pelo almoço, porém alguém o paga.

Não havendo nada que seja gratuito, isso nos leva para a questão da responsabilidade de quem se dispõe a receber. Aqueles que se inscreveram ocuparam as vagas e impediram que outros se inscrevessem. Ao não participarem efetivamente da oficina, privaram a outras pessoas de receber gratuitamente algo a que eles se candidataram. Eis a responsabilidade com aquilo que é “gratuito”. Escolher não receber o que é disponibilizado gratuitamente não é problema, entretanto, quando a minha escolha priva o outro temos um problema.

Tomemos como exemplo o sistema de saúde brasileiro, gratuito. Muitas pessoas tem seus horários agendados com médicos ou laboratórios e não comparecem. Deixaram de receber um benefício por sua escolha, porém roubaram de outra pessoa a possibilidade de fazer uma consulta ou os exames que seriam importantes. Qual é a tua responsabilidade sobre aquilo que você não paga? Quem está pagando? Creio ser importante responder.

Voltando à oficina, confesso que a minha frustração inicial se havia alimentado da expectativa pela presença das pessoas que se inscreveram que não se concretizou. Em seguida, ao me desvincular da expectativa a frustração se transformou em entrega, porque o meu compromisso era com a minha presença e com a presença daqueles que escolheram estar. A ausência dos inscritos era de sua responsabilidade.

Enfim, naquele dia começamos a oficina na qual, inicialmente, sentia o gosto amargo da frustração pela não presença de muitos que não compareceram, porém terminamos a noite com o sabor da satisfação presente no sorriso e no reconhecimento daqueles que estavam presentes. Por isso, o exercício de resgatar a frustração pela expectativa não cumprida com o foco na responsabilidade do compromisso nos traz satisfação. O compromisso está no nosso controle e ele sempre é remunerado.

Na manhã seguinte a mensagem de uma das presentes: “Bom dia a todos! Ontem foi maravilhoso!!!”. O compromisso está pago!

Moacir Rauber

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COMUNICACIÓN NO-VIOLENTA

UNA INVITACIÓN MUY ESPECIAL!!!

¡Comunicación compasiva en español para brasileros!

  • Cuatro reuniones (12-11-2024 a 09-12-2024 de 19 a 21.30)
  • Metodologías de conocimiento y aplicación
  • Herramientas prácticas de gestión de conflictos
  • ¡Espiritualidad para desarrollar la Sabiduría de saber utilizar las Herramientas provenientes del Conocimiento!

Un evento gratuito, ¡REGÍSTRESE!

Envíanos un mensaje:

+54 911 68493482 (Miriam – Argentina)

+55 48 99857 8451 (Moacir – Brasil)

O QUE ESTÁ NA TUA LUVA?

O que está na ponta da tua luva?

Ela é uma profissional da área de Recursos Humanos que dedicou os últimos catorze anos de sua vida a uma empresa que fecha as portas em seu país. Para continuar na organização teria que mudar para o país sede da empresa, sendo esse preço muito alto. Assim, ela se demitiu. Começou uma nova jornada e numa das atividades ela teve que entrevistar uma pessoa idosa. Dirigiu-se a uma casa de anciãos onde encontrou uma senhora de 86 anos com uma vitalidade impressionante, uma lucidez admirável e uma alegria maravilhosa. Ao comentar a entrevista, ela disse:

– Eu quero envelhecer assim! Não sei de onde vem tanta força?

Não há uma só resposta para a pergunta de onde vem tanta força, porém uma história contada pelo Pe. Nardi traz várias reflexões.

Ele contou que havia um homem que vivia numa região em que o calor era predominante. Um dia recebeu de presente um par de luvas de couro forradas, apropriada para regiões frias. O homem agradeceu e como não viu serventia guardou as luvas numa caixa de bugigangas. Tempos depois, ele foi transferido para uma região fria. Ao organizar a mudança encontrou as luvas esquecidas e fez o movimento de calçá-las, mas os dedos não chegavam ao final de seus espaços. Pressionou um pouco mais e doeu. Ele não desistiu e descobriu uma pedra na ponta de cada um dos dedos das luvas. Para tirá-las dali teve que fazer esforço e ter cuidado. No final valeu a pena, porque as pedras eram diamantes.

A fábula nos leva a perguntar: quais são os teus recursos internos? Qual o esforço que você faz para alcançá-los? Onde estão os teus diamantes?

No momento vivido, muito tem-se falado, divulgado e vendido cursos de autoconhecimento. É importante no caminho para a redescoberta de nossos recursos internos presentes nas forças e virtudes individuais. Contudo, exige esforço.

Da perspectiva científica, a psicologia positiva tem ajudado ao mapear as virtudes humanas compartilhadas ao longo do tempo em toda a humanidade, sendo elas: sabedoria, coragem, humanidade, justiça, temperança e transcendência. Cada virtude traz um grupo de forças, igualmente transversais aos seres humanos de diferentes culturas, etnias e regiões. Porém, cabe a cada um de nós descobrir as suas virtudes e forças para trazê-las a luz do dia. Tirá-las da ponta das luvas requer esforço.

Destaco, porém, que a perspectiva da psicologia positiva não é nova. Ao voltarmos no tempo, encontramos na filosofia e na espiritualidade conhecimento semelhante ao propagado pela psicologia. Na esfera religiosa há uma descrição semelhante aquilo que hoje é tratado como científico: as virtudes morais, as virtudes teologais e os dons do Espírito Santo. As virtudes morais ou humanas são muitas que podem ser agrupadas em torno da prudência, da justiça, da temperança e da fortaleza, trazendo em si os indicadores que regulam nossa conduta segundo a razão. As virtudes teologais são três, sendo elas a , a esperança e a caridade, levando-nos a respeitar o mistério da vida tratando o próximo como irmão, filhos de um mesmo Deus. Por fim, existem os dons do Espírito Santo: a sabedoria, a inteligência, o conselho, a fortaleza, a ciência, a piedade e o temor de Deus. Dessa perspectiva, entende-se que ao exibir as virtudes presentes nos dons do Espírito Santo, mais facilmente se desenvolvem as demais forças e virtudes humanas anteriores. Destaque-se que temor a Deus não se refere a medo, mas sim a respeito ao desconhecido. De todas as formas, para acessar os recursos internos há que se propor a tirá-los das pontas das luvas.

Voltando a vitalidade, lucidez e alegria da senhora de 86, certamente elas vêm da força de alguém que conseguiu acessar os seus recursos internos ao descobrir os diamantes nas pontas dos dedos das suas luvas recebidas como presente. Ela não deixou o presente recebido abandonado no fundo de uma gaveta. A entrevistadora citada está buscando o caminho para encontrar o presente em suas luvas, sendo a psicologia, a filosofia e a espiritualidade possibilidades de caminhos.

Quais os presentes que você ainda não abriu?

Qual será o seu caminho?

Moacir Rauber

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