Todos os posts de Moacir Rauber

Moacir Rauber acredita que tem "MUITAS RAZÕES PARA VIVER BEM!" porque "MELANCOLIA NÃO DÁ IBOPE". Também considera que a "DISCIPLINA É A LIBERDADE" que lhe permite fazer escolhas conscientes, levando-o a viver de forma a "QUE POSSA COMPARTILHAR TUDO COM OS PAIS E QUE TENHA ORGULHO DE CONTAR PARA OS FILHOS".

E se não tiver feijão?

Após o almoço, o anfitrião todo orgulhoso observa os convidados saboreando o prato oferecido. Ele sabia muito bem que os convidados tinham hábitos alimentares muito diferentes, mas fez questão de recebê-los com um prato típico da sua região e da sua cultura. Quando viu que todos estavam servidos e a expressões denotavam que haviam gostado, indagou:
– E então, gostaram?
– Sim, estava excelente! Respondeu um.
– Nossa, nunca imaginaria que pudesse ser tão bom! Respondeu outro.
Certamente que os elogios encheram o anfitrião de orgulho. Agradeceu os comentários e fez outra pergunta:
– E na terra de vocês, qual é o prato típico?
Os convidados se entreolharam até que um comentou:
– A comida do dia a dia é o tradicional feijão e arroz, com um pedaço de carne e saladas. Essa é a combinação mais tradicional… e continuaram falando sobre a cultura gastronômica de sua região.
O dono da casa então ofereceu:
– Vocês gostariam de preparar uma refeição típica durante esta semana? Acredito que possamos encontrar todos os ingredientes que vocês precisam…
E assim foi combinado o almoço agora com a comida típica dos visitantes numa integração de culturas e costumes alimentícios complementares. Não se estava dizendo que uma era melhor do que a outra, apenas que eram diferentes.

Acredito que esse seja o caminho para que a humanidade caminhe rumo a sua trajetória planetária em que chegaremos ao ponto de ser um único povo, sem diferenças culturais que nos criem atritos, conflitos e guerras. Pra isso, o respeito deve ser o propulsor da efetiva integração. Se ainda hoje temos tantas questões que provocam hostilidades e divergências é o resultado da intolerância de um para com o outro. Muitas vezes pode ser a arrogância de acreditar que os meus hábitos são melhores do que os seus. E não é isso. Sabe-se que os hábitos e costumes que cada povo desenvolveu durante milênios tiveram a sua razão de ser e funcionaram, tanto que os povos aqui chegaram. Hábitos e costumes que fundamentavam uma cultura baseavam-se nas habilidades e no conhecimento de que cada povo dispunha. Eram hábitos que seguiam as características ambientais de cada região. Sabe-se que os povos que viveram e se desenvolveram em climas mais frios tinham estratégias de sobrevivência diferentes daqueles que surgiram em regiões mais quentes. Naturalmente também os hábitos alimentares eram diferentes, porque cada povo dependia diretamente daquilo que o ambiente oferecia. Hoje essa dependência direta dos produtos da região são bem menos importantes. Por isso as pessoas passaram a experimentar, a integrar e a modificar os hábitos alimentares. Na grande maioria dos casos não se fala mais em questão de sobrevivência individual e da espécie quando se escolhe o que se vai comer, mas faz-se as escolhas alimentares por gosto.

Por isso, da próxima vez que você viajar não deixe a sua cultura em casa. Leve-a consigo, mas respeite a cultura local. E se você realmente quiser comer feijão onde ele não é a comida principal, leve-o. Desse modo você poderá saboreá-lo e, quem sabe, oferecer uma iguaria para os anfitriões.

Vai que lhe ofereçam escorpiões…


Não se preocupe. Deve ser muito bom.
E bons novos hábitos oxigenam nossa vida!

Você sempre quer comer feijão?

Aquele grupo de pessoas passariam juntos as próximas duas semanas daquelas férias de verão. Eram amigos e também alguns eram parentes. Alguns estavam com as suas esposas e filhos. A casa de praia era muito simples, mas estava bem próxima do mar. Algumas pessoas já haviam chegado no dia anterior, mas a maior parte do grupo recém havia chegado e já era hora do almoço. O anfitrião estava todo feliz em poder receber aquelas pessoas que lhe eram tão especiais. Entre um “bom dia” para cá e outro para lá ele conseguiu chamar a atenção de todos para anunciar que o almoço daquele dia estava pronto. Começou dizendo:
– Aqui tem caipirinhas e a cerveja cada um pega a sua. O almoço também está pronto hoje fui eu que fiz. Teremos macarrão ao molho pesto acompanhado de saladas. Amanhã será a vez de outro fazer o almoço…

Terminou fazendo um gracejo, uma saudação e pegou uma caipirinha. Provavelmente, esperava uma saudação de retorno pelas boas-vindas e pelo almoço na mesa. Eram esses os comentários que se escutavam a partir do murmúrio geral das pessoas. Porém, de repente ouviu-se uma voz fina e estridente vinda de alguém que estava na varanda que disse:
– É? Só tem macarrão? Mas eu quero feijão…

Inicialmente acreditou-se tratar de uma brincadeira, mas logos as conversas cessaram. As pessoas pararam. E a voz repetiu:
– Eu como feijão todo o dia e eu quero comer feijão hoje também…

O clima que estava muito bom para veraneio, azedou na hora. É que as palavras proferidas e a exigência feita não eram de brincadeira e não tinham origens num criança mimada. Elas foram feitas pela mulher de um dos integrantes do grupo que pela primeira vez participava dos festejos com aqueles quase familiares. A forma como foram ditas as palavras revelava que se tratava de uma exigência real. Naquele momento ninguém falou mais nada. Podia-se ouvir o barulho das ondas…

Logicamente que a história do feijão é ilustrativa, mas revela o comportamento de muitas pessoas que saem de suas cidades, de suas regiões e de seus países para outros lugares. Alguns vão a passeio, outros vão temporariamente e outros ainda mudam-se em definitivo para novos lugares, querendo reproduzir integralmente os velhos hábitos e introduzir ali a sua cultura. Nada contra levar parte de seus costumes e deles ter orgulho. Entretanto, ao entrar em contato com as outras culturas há que se ter a mente aberta para saber que se os outros assim o fazem é porque eles acreditam ser a melhor forma de fazê-lo. É dizer que se o anfitrião come macarrão também eu vou comer, porque se eu julgar que aquele almoço não é bom o suficiente para mim não deveria ter ido até a casa dele.


Eis o ponto: caso você sempre queira comer feijão… É melhor ficar em casa.

O que você procura?

A busca constante e incessante por ter mais tem levado as pessoas a se envolverem em verdadeiras rodas vivas de ansiedade e estresse. Livros e manuais com conselhos de como ficar rico em dez dias ou como ganhar dinheiro sem sair de casa não faltam. Caso seguíssemos os conselhos fáceis e as receitas de bolos encontrados nesses infindáveis livros e conseguíssemos ficar ricos, esbeltos, bem-amados e poderosos, o que realmente obteríamos? A resposta é dada no livro Fluir, em que o autor diz: “Geralmente, o que acontece é que a pessoa volta ao ponto de partida, munida de uma nova lista de desejos e tão insatisfeita como antes.”
Fluir (Mihaly Csikszentmihaly)


Humano ou divino?

Se é divino, não é humano. Uma vez que é divino, supostamente, está além de nossas capacidades humanas. Por isso me impressiona o número de pessoas que pretendem explicar o que é divino quando sequer se consegue entender o que é humano. Constate-se que na maioria das vezes são pessoas que não conseguem ser humanas e passam a dar lições sobre aquilo que é divino. 

Por que é que sou tão chata com ele?

Depois da vários relacionamentos frustrados por um ou outro motivo, finalmente ela achava que havia encontrado a pessoa com quem gostaria de dividir o restante dos seus dias. Ela o amava como nunca antes havia amado alguém. Mesmo assim, ela sentia que algo não estava fluindo do modo como deveria. Por isso, procurou a ajuda de um terapeuta de casal para poder expor a situação e pedir um aconselhamento. Depois de comentar o quanto amava o seu noivo, ela continuou:
– Não sei o que acontece. Sou simpática e atenciosa com todos os meus amigos, com as pessoas da minha família e também com os colegas de trabalho.Consigo fazer novas amizades com facilidade. Agora eu não entendo porque com o meu noivo eu sempre sou assim tão birrenta e caprichosa. Se ele é a pessoa que eu mais amo, por que é que eu tenho sido assim tão ranzinza, rabugenta e tão chata com ele?
A pergunta ficou no ar. O terapeuta observava-a em silêncio. Por fim, ele perguntou:
– Você se sente à vontade com ele?
– Sim, completamente… rapidamente respondeu ela.
O terapeuta continuou:
– Você é realmente autêntica com ele?
– É, sou sim… Respondeu e ficou pensativa.

Eu também fiquei a pensar naquilo que a autenticidade dela revelava, Ela era uma chata… 

Por que tantas vezes somos tão chatos com aqueles que mais amamos? É isso que a nossa autenticidade revela?

O registro foi de uma mulher para com um homem, mas poderia ser exatamente o contrário. 



Vai se divertir? Divirta-se…

A vida acontece exatamente naquele instante que está entre o passado e entre o futuro. O primeiro já passou. O segundo ainda não existe. Por isso viva o momento. Vai trabalhar? Trabalhe. Vai passear? Passeie. Vai jogar? Jogue. Vai se divertir? Divirta-se. Vai namorar? Esteja presente de corpo e alma…

Isso lembra-me uma piada em que o casal estava no momento de maior intimidade possível. Estavam na típica posição papai/mamãe. Ele começava a revolver os olhinhos. Ela também toda concentrada no momento que viviam. Ele deu sinais de que estava por terminar. Como ela era ativa, sussurrava:
– Ah, ah… 

Suspirou um pouco mais forte:
 Ah, ah…

De repente, ela distraiu-se um momento do que acontecia no presente, foi ao futuro e falou com toda força:


– … ah, ah, azul. Preciso pintar o teto de azul!